Alexander Rodchenko,capa de revista LEF, 1924 Já vi matar um homem é terrível a desolação que um corpo deixa sobre a terra uma coisa a menos para adorar quando tudo se apaga as paisagens descobrem-se perdidas irreconciliáveis
entendes por isso o meu pânico nessas noites em que volto sem razão nenhuma a correr pelo pontão de madeira onde um homem foi morto
arranco como os atletas ao som de um disparo seco mas sou apenas alguém que de noite grita pela casa
há quem diga a vida é um pau de fósforo escasso demais para o milagre do fogo
hoje estive tão triste que ardi centenas de fósforos pela tarde fora enquanto pensava no homem que vi matar e de quem não soube nunca nada nem o nome
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