O OBJECTO É A POÉTICA
(...)
Precisamos pois de escolher objectos verdadeiros, objectos indefinidamente
aos nossos desejos. Objectos que voltemos a escolher dia após dia, e não como o
nosso cenário, a nossa moldura; antes como os nossos espectadores, os nossos
juízes; para não sermos, é certo, nem os seus dançarinos, nem os seus palhaços.
Enfim, o nosso secreto conselho.
E assim compormos o nosso templo doméstico:
Cada um de nós, enquanto somos, conhece bem, suponho, a sua Beleza.
Ela fica ao centro, jamais atingida.
Tudo em ordem à sua volta.
Ela, intacta.
Fonte do nosso pátio.
Francis Ponge, Alguns Poemas (trad. Manuel Gusmão)
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