15 dezembro, 2015

para F.

Não acredito no tempo, confesso. Depois de usar o meu tapete mágico, gosto de o dobrar e deixar sobrepostos diferentes desenhos. Que importa se o visitante tropeça! O mais alto prazer da ausência de tempo - uma paisagem escolhida ao acaso - é quando estou entre borboletas raras e plantas que lhes servem de alimento. É o meu êxtase, e atrás desse êxtase qualquer outra coisa há, difícil de explicar. É como um vácuo momentâneo para onde converge o que eu amo. Sensação de unidade com sol e pedras.


Vladimir Nabokov, Fala, Memória

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