O poema é um objecto carregado de poderes magníficos,
terríficos: posto no sítio certo, no instante certo, segundo a regra certa,
promove uma desordem e uma ordem que situam o mundo num ponto extremo: o mundo
acaba e começa. Aliás não é exactamente um objecto, o poema, mas um utensílio:
de fora parece um objecto, tem as suas qualidades tangíveis, não é porém nada
para ser visto mas para manejar.
Herberto Helder, (Auto-)Entrevista, Jornal Público, 4 dezembro 1990
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