24 outubro, 2017

no fundo do céu

Com o meu cavalo parado sob a árvore coberta de rolas, lanço um assobio tão puro, que não há uma única promessa feita às margens destes rios que eles não cumpram. (Folhas vivas na manhã são à imagem da glória)...


E não é só que um homem não esteja triste, mas levantando-se antes do dia e mantendo-se com prudência no convívio de uma velha árvore, apoiado pelo queixo à última estrela, vê em jejum no fundo do céu grandes coisas puras que dispõem ao prazer ...


Com o meu cavalo parado sob a árvore que arrulha, lanço um assobio mais puro. E paz àqueles que, se vão morrer, não chegaram a ver este dia. Mas do meu irmão, o poeta, tivemos notícia. Voltou a escrever uma coisa muito doce. E alguns dela tiveram conhecimento.

Saint-John Perse, Habitarei o Meu Nome (trad. João Moita)


W. Eugene Smith, Dream Street, Pittsburg, 1955

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