TRADUÇÕES DA QUARENTENA - 3
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FIZESTE BEM EM PARTIR, ARTHUR RIMBAUD
Os teus dezoito anos refractários à amizade, à malvadez, à estupidez dos poetas de Paris assim como ao ronronar de abelha estéril da tua família das Ardenas um pouco louca, fizeste bem em os dispersar pelos ventos ao largo, em os lançar para baixo da lâmina da sua precoce guilhotina. Tiveste razão em abandonar a avenida dos preguiçosos, as tascas dos mija-liras, pelo inferno das feras, pelo comércio dos astutos e a felicidades dos simples.
Esse impulso do corpo e da alma, essa bala de canhão que atinge o alvo e o faz rebentar, sim, é mesmo isso a vida de um homem! Não se pode, ao sair da infância, estrangular o próximo indefinidamente. Se os vulcões pouco mudam de lugar, a sua lava percorre o grande vazio do mundo e traz-lhe virtudes que cantam nas suas chagas.
Fizeste bem em partir, Arthur Rimbaud! Somos alguns a acreditar sem provas na felicidade possível contigo.
Esse impulso do corpo e da alma, essa bala de canhão que atinge o alvo e o faz rebentar, sim, é mesmo isso a vida de um homem! Não se pode, ao sair da infância, estrangular o próximo indefinidamente. Se os vulcões pouco mudam de lugar, a sua lava percorre o grande vazio do mundo e traz-lhe virtudes que cantam nas suas chagas.
Fizeste bem em partir, Arthur Rimbaud! Somos alguns a acreditar sem provas na felicidade possível contigo.
(trad. CT/JPS)
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NO HORIZONTE ADMIRÁVEL
Os grandes caminhos
dormem à sombra das suas mãos
Ela caminha em suplício
Amanhã
Como um rasto de pólvora.
dormem à sombra das suas mãos
Ela caminha em suplício
Amanhã
Como um rasto de pólvora.
René Char ( França, 1907-1988) (tradução de Cristina Tavares e José Pinto de Sá)
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