MULHERES
As minhas três irmãs estão sentadas
em rochas de obsidiana negra.
Pela primeira vez, nesta luz, consigo ver quem são.
A minha primeira irmã está a coser o seu fato para a procissão.
Ela vai de dama Transparente
e todos os seus nervos serão visíveis.
Ela vai de dama Transparente
e todos os seus nervos serão visíveis.
A minha segunda irmã também está a coser,
a costura sobre o coração que nunca cicatrizou inteiramente.
Ela espera que, por fim, este aperto no seu peito se alivie.
a costura sobre o coração que nunca cicatrizou inteiramente.
Ela espera que, por fim, este aperto no seu peito se alivie.
A minha terceira irmã está olhando fixamente
para a crosta vermelha escura que alastra para ocidente, para longe
[no mar
Tem as meias rotas, mas é linda.
para a crosta vermelha escura que alastra para ocidente, para longe
[no mar
Tem as meias rotas, mas é linda.
........
MERGULHANDO NOS DESTROÇOS
Vim explorar os destroços.
As palavras são intenções.
As palavras são mapas.
Vim ver o estrago causado
e os tesouros que prevalecem.
Atingi com o feixe da minha lanterna
devagar ao longo do flanco
algo mais permanente
que peixes ou algas
A coisa para que vim:
os destroços e não a história dos destroços
a própria coisa e não o mito
o rosto afogado olhando sempre
para o sol
a evidência do estrago
tornado pelo sal e pelo balanço nesta beleza puída
as costelas do desastre
os destroços e não a história dos destroços
a própria coisa e não o mito
o rosto afogado olhando sempre
para o sol
a evidência do estrago
tornado pelo sal e pelo balanço nesta beleza puída
as costelas do desastre
Adrienne Rich (EUA, 1929-2012) (tradução de Cristina Tavares e José Pinto de Sá)
Nenhum comentário:
Postar um comentário