Mario Quintana, 1906-1994 |
Que esta minha paz e este meu amado silêncio
Não iludam a ninguém
Não é a paz de uma cidade bombardeada e deserta
Nem tampouco a paz compulsória dos cemitérios
Acho-me relativamente feliz
Porque nada de exterior me acontece...
Mas,
Em mim, na minha alma,
Pressinto que vou ter um terremoto!
Mario Quintana, "Velório Sem Defunto"
Quando, ainda menino, briguei ainda uma vez para
sempre com
Adalgisa
Não fui olhar a saída da missa de domingo,
Como era costume naqueles ingênuos e queridos tempos,
E fui passear pela rua da sua casa
Ver a placa da esquina
Despertar o costumeiro revôo dos pombos na calçada
Não esqueci nada, nada daquilo...
Tudo tão cheio da ausência dela!
Adalgisa
Não fui olhar a saída da missa de domingo,
Como era costume naqueles ingênuos e queridos tempos,
E fui passear pela rua da sua casa
Ver a placa da esquina
Despertar o costumeiro revôo dos pombos na calçada
Não esqueci nada, nada daquilo...
Tudo tão cheio da ausência dela!
Mario Quintana, "Velório Sem Defunto"
Hoje me acordei pensando em
uma pedra numa rua de Calcutá. Numa determinada pedra numa rua de Calcutá.
Solta. Sozinha. Quem repara nela? Só eu, que nunca fui lá. Só eu, deste lado do
mundo, te mando agora esse pensamento... Minha pedra de Calcutá.
Mario Quintana, "Velório Sem Defunto"
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