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Era uma vez uma pessoa que procurava a sabedoria. Tinham-lhe dito que para a atingir tinha sempre de aceitar e recusar ao mesmo tempo tudo o que lhe era oferecido, dito ou mostrado. Quando perguntava por onde era o caminho e lhe diziam "é por ali" ela devia seguir imediatamente nesse sentido e depois no sentido contrário. Tendo assim percorrido todas as direcções indicadas e as não indicadas, sem mais caminhos a percorrer, sentou-se no chão e começou a chorar. Sem saber tinha chegado.
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Num Festival de Poesia. Um poeta laureado recita um poema sobre a famosa história de São Kevin e o melro, que conta como o Santo, por reverência para com a Natureza, sacrificou a sua vida por um pássaro que poisou na sua mão direita, aí fez o seu ninho, pôs os seus ovos e criou os seus filhotes. Quando por fim todos levantaram voo, com o seu braço já transformado num ramo em que a mão se tornara uma haste ressequida, o Santo morre. O seu papel de suporte de vida tinha terminado. Escrevo isto e olho para o meu braço. Na pontas dos dedos da minha mão direita vejo a caneta com que escrevo. É este o meu suporte de vida? Os meus poemas saem dos meus dedos, vão para longe de mim e não voltam.
Ana Hatherly, "463 Tisanas"