Uma rede de olhares
mantém unido o mundo,
não o deixa cair.
E ainda que não saiba o que se passa com os cegos
hão-de os meus olhos apoiar-se numas costas
que podem ser as de deus.
No entanto
o que eles buscam é outra rede, outro fio,
que agora encobre os olhos com um fato emprestado
e precipita uma chuva já sem solo nem céu.
É isso que buscam os meus olhos,
o que nos descalça
para ver se algo mais nos sustenta por baixo,
ou inventar um pássaro
para averiguar
se existe o ar,
ou criar o mundo
para saber se há deus,
ou aceitar meter um chapéu
para comprovar que existimos.
Roberto Juarroz, in
As Causas Perdidas,Antologia de Poesia Hispano-Americana, António Cabrita
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26 dezembro, 2019
27 setembro, 2018
Roberto Juarroz
Às vezes parece
que estamos no centro da festa.
Todavia
no centro da festa não há ninguém.
No centro da festa está o vazio.
Mas no centro do vazio há outra festa.
Roberto Juarroz, A Árvore Derrubada pelos Frutos, (selecção e tradução de Rui Caeiro, Duarte Pereira e Diogo Vaz Pinto)
que estamos no centro da festa.
Todavia
no centro da festa não há ninguém.
No centro da festa está o vazio.
Mas no centro do vazio há outra festa.
Roberto Juarroz, A Árvore Derrubada pelos Frutos, (selecção e tradução de Rui Caeiro, Duarte Pereira e Diogo Vaz Pinto)
Paul Ranson, The Vines, 1902 |
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