03 janeiro, 2009

tantos seres(tantos demónios e deuses
cada qual mais ganancioso do que todos)é um homem

(tão facilmente um em outro se esconde;
e não pode o homem, sendo todos, fugir a nenhum)

Tão vasto tumulto é o mais simples desejo:
tão impiedoso massacre a esperança
mais inocente(tão profunda é a mente da carne
e tão desperto o que o acordar chama dormir)

assim nunca o mais sozinho homem está só
(o seu mais breve respirar vive o ano de algum planeta,
a sua mais longa vida é a pulsação de algum sol;
a sua menor imobilidade percorre a mais jovem estrela)

(...)

E.E.Cummings, livrodepoemas

01 janeiro, 2009


Van Gogh, 1888