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20 janeiro, 2017


A beleza é tão grande e nós somos
tão frágeis... Estou a falar do impossível e da vida


Daniel Faria, O Livro de Joaquim



CT, Objectos do Céu Profundo, 2016

13 julho, 2016

Daniel e Tacita (um oxigénio difícil)

Falo daquilo que vejo, embora possas pensar que sou cego
seguindo as mãos - sim, toco as palavras nas suas superfícies 
e utensílios.

A primeira palavra que os olhos viram, agora que a recordo,
parecia uma imagem - sim, um som desenhado como um fóssil
(falo de fóssil, mesmo
que ele demore a aparecer no que digo),
um som do tamanho de um azulejo; agora que me lembro que era uma palavra

que brilhava nos meus olhos ao vê-la
(ver uma palavra era uma planta muito diferente,
um oxigénio muito difícil de se respirar).

Sim, agora vejo que falo, embora possas pensar que sigo pelo tacto a escrita.
Sim, eu leio e decifro. E agora sei que oiço as coisas devagar.


Daniel Faria, Poesia



Tacita Dean, detail from Sunset, 2015

12 julho, 2016

Daniel Faria

Houvesse um sinal a conduzir-nos
E unicamente ao movimento de crescer nos guiasse. Temos das árvores
A incomparável paciência de procurar o alto
a verde bondade de permanecer
E orientar os pássaros

Daniel Faria, Poesia

11 julho, 2016

Daniel Faria

Repito a corrida na memória quando estou parado
Penso velozmente que o amor, como Dante disse, é um estado
De locomoção. É um motor. E fico a trabalhar no mecanismo secreto
Do amor.

Daniel Faria, Poesia


11 dezembro, 2014

A magnólia estende contra a minha escrita a tua sombra
E eu toco na sombra da magnólia como se pegasse na tua mão


Daniel Faria,  Poesia

29 dezembro, 2013

Homens que são como lugares mal situados
Homens que são como casas saqueadas
Que são como sítios fora dos mapas
Como pedras fora do chão
como crianças órfãs
Homens agitados sem bússola onde repousem

Homens que são como fronteiras invadidas
Que são como caminhos barricados
Homens que querem passar pelos atalhos sufocados
Homens sulfatados por todos os destinos
Desempregados das suas vidas

Homens que são como a negação das estratégias
Que são como os esconderijos dos contrabandistas
Homens encarcerados abrindo-se com facas

Homens que são como danos irreparáveis
Homens que são sobreviventes vivos
Homens que são sítios desviados
do lugar

Daniel Faria, "Poesia"

18 janeiro, 2008

Daniel e Dennis

(...)
Põe uma escada e sobe ao cimo do que vês

Daniel Faria, "Homens que São Como Lugares Mal Situados"


Dennis Oppenheim, "Digestion", 1989