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06 março, 2016

Joaquim Manuel Magalhães

Podei as sardinheiras de seis anos.
A meda dos ramos no telheiro
secou ao vagar de março,
enredou-se nos torcidos nós

aí teceram as aranhas, uma gata
pariu uma ninhada
e as milhariças negras e
castanhas com os paus de musgo

começaram por buscar insectos,
descobriram lugares aveludados,
tentaram esconder um ninho.

Línguas de ar sanguinolento
correm nos sulcos calcinados.
Nada. Nada quer dizer.

Joaquim Manuel Magalhães, Segredos, Sebes e Aluviões

05 março, 2016

anjos

O anjo solar, o outro das sombras
e esse que vagueia nos crepúsculos,
primeiro o da manhã, depois o do entardecer
desenham sinais que sigo para chegar a ti.

Joaquim Manuel Magalhães, Os Dias, Pequenos Charcos





















Kiki Smith

10 janeiro, 2016

Joaquim e os sais de prata

A Fotografia

1 - Os seiscentos e tantos preceitos dos judeus
bastam para comprar a máquina fotográfica,
mas não podem carregar esse botão
onde o olhar escolhe como ver.

2 - Um dia havia um monte de lixo junto
das bocas de incêndio ciclame e ouro
onde os fumos soterrados de Manhattan
parecem inundar de música o inverno:
eu não tinha o vidro de amor da máquina
para interceder com a minha memória.

3 - Um cristão recolheu o lixo, fez um resto
para um pobrezinho, correu para uma reza solitária
entre algumas flores, um pequeno lago
e as nuvens com aves repousavam no sol.
Como os sais de prata nos deixam escutar.

Joaquim Manuel Magalhães, Os Dias, Pequenos Charcos

09 janeiro, 2016

Joaquim Manuel Magalhães

Aquela estrela, a sétima
a contar de ti, eras tu 
de novo? A dos nomes
escritos na parede
onde rastejam quiméricos
os musgos? Nos telhados
sobre pátios nocturnos?

Joaquim Manuel Magalhães, Os Dias, Pequenos Charcos



( para t., a propósito de estrelas )