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21 fevereiro, 2015

Blaise Cendrars

Depois no fim dum número de dias muito comprido...
Tínhamos mudado de casa
E os poucos quartos do nosso pequeno apartamento
estavam cheios de móveis
Já não estávamos na nossa vivenda da costa
Ficava sozinho dias inteiros
Entre móveis empilhados
Podia mesmo quebrar a loiça
Rasgar os cadeirões
Partir o piano...
Depois no fim dum número de dias muito comprido
Veio uma carta de um dos meus tios
Foi a derrocada do Panamá que fez de mim um poeta!


Blaise Cendrars, Poesia em Viagem, trad.Liberto Cruz

15 janeiro, 2015

Somos uma tempestade sob o crânio de um surdo

(...)
"Dis, Blaise, sommes-nous bien loin de Montmartre?"

E nos buracos,
As rodas vertiginosas as bocas as vozes
E os cães malditos que uivam no nosso encalço
Os demónios andam à solta
Ferragens
É tudo um acorde falso
O brum-rum-rum das rodas
Choques
Saltos
Somos uma tempestade sob o crânio de um surdo...

(...)

Blaise Cendrars, Poesia em Viagem, Assírio e Alvim


20 abril, 2008

Ho-Kusai pintou os cem aspectos de uma montanha.
Como seria a vossa Face pintada por um chinês?

Blaise Cendrars, "Prosa do Transiberiano"