Não acredito no tempo, confesso. Depois
de usar o meu tapete mágico, gosto de o dobrar e deixar sobrepostos diferentes
desenhos. Que importa se o visitante tropeça! O mais alto prazer da ausência de
tempo - uma paisagem escolhida ao acaso - é quando estou entre borboletas raras
e plantas que lhes servem de alimento. É o meu êxtase, e atrás desse êxtase
qualquer outra coisa há, difícil de explicar. É como um vácuo momentâneo para
onde converge o que eu amo. Sensação de unidade com sol e pedras.
Vladimir Nabokov, Fala, Memória