31 maio, 2014

Vivian Mayer, Self-portrait, 1954

Vivian Mayer, Self-portrait, 1954

Vivian Mayer, New York, 1955

Vivian Mayer, Self-portrait, 1956

Vivian Mayer, Self-portrait, 1971

30 maio, 2014

Penso que sou feliz, mas como poderei saber isso?

Port-Cros

Nadar, mergulhar. Tenho barbatanas
graças às quais me reinvento.
Deslizo e permaneço entre montes
afundados. Sob a água, sob o futuro:

Talvez o agora seja algo idêntico. Os peixes
ensaiam uma espécie de simultaneidade; olha,
ali vai um cardume de doze frases
num silêncio pré-natal, no seu entretanto,

ocupado em comer água. Mais tarde
o quarto fica cheio de água. Blublublu, dizes.
Blublu, digo. Penso que sou feliz,
mas como poderei saber isso?

Herman de Coninck, Os Hectares da Memória, 1996




Fotografias a cor de Patrick de Spiegelaere:
vistas do mar. Pergunto-lhe os seus truques.
Nenhuns, diz ele. Esperar até às dez da noite,
e então consegues uma luz assim.

Esperar até aos cinquenta
E então consegues um poema assim.

Herman de Coninck, Os Hectares da Memória, 1996


Herman de Coninck (Mechelen,1944 - Lisboa,1997)



















Não é preciso muito para morar.
Alguém que diga "aqui" face ao incomensurável.

E um medalhão sobre a lareira,
um retrato de passe. Tão pequeno
é o inesquecível.

Herman de Coninck, Os Hectares da Memória,1996

29 maio, 2014

Julia Auerbach, Lucian Freud, 1989

Lucian Freud, Francis Bacon, 1957-58

28 maio, 2014

Endre Kukorelly

Os músicos deslizam
até ao pescoço na vala
dos músicos, lá em baixo,

afinam os instrumentos
antes de tocar e depois 
a ferramenta volta

para o estojo, infelizmente
não andei na escola de música 
mas admiro sempre

o piano que toca quando é batido
no lugar certo
e ainda mais admirável

é a música de ópera
mas porque razão?
seria muito longo

dar os pormenores,
tenho tanta vergonha
no que diz respeito à música

não posso mostrar as entranhas
embora traga sempre
música lá dentro.

Endre Kukorelly, Um Jardim de Plantas Medicinais, 1997
     Segundo um estrangeiro vaidoso, os Húngaros tiveram muitos heróis. Um tipo muito desagradável. Na opinião dele, há muitos heróis, poetas e patriotas, desnecessariamente assinalados, tanta pedra, tanto ferro, por exemplo lá só existiram o Bismarck ou o Goethe com estátuas, pronto, porque é que têm de homenagear tanto? Enfim, era um chato. Pois então, vamos homenagear. Mais lhe valia beber uma cerveja. Aliás, não há nenhuma estátua de ferro. Nem mesmo as coroas de louros são de ferro. Nem as bandeiras. Nem a bruxa da história tem o nariz de ferro. Usam outros metais.

Endre Kukorelly, Um Jardim de Plantas Medicinais, 1997
Christo, Ten Million Oil Drums Wall - project for the Suez Canal, 1972

27 maio, 2014

Christo, s/título, 1982


26 maio, 2014

Margaret Watkins, Head and Hand, 1925

25 maio, 2014

Kenneth Josephson, 1970

24 maio, 2014

Gordon Parks, The Invisible Man, Harlem, New York, 1952

Junto palavras na máquina de escrever, pela noite dentro, pensando no dia de hoje. Tão bem que nós falávamos todos. Uma língua é um mapa dos nossos erros. Frederick Douglass escrevia num inglês mais puro que o de Milton. As pessoas sofrem deseperadamente na pobreza. Existem métodos,  mas não os usamos. Joana, que não sabia ler, falava uma forma camponesa de francês. Algum do sofrimento é: é duro dizer a verdade; isto é a América; não posso tocar-te agora. Na América temos só o tempo presente. Estou em perigo. Estás em perigo. O queimar de um livro não desperta em mim qualquer sensação. Sei que queimar dói. Há chamas de napalme em Catonsville, Maryland. Sei que queimar dói. A máquina de escrever está sobreaquecida, a minha boca queima, não te posso tocar agora e esta é a língua do opressor.


Adrienne Rich, 1968 (tradução Ana Luísa Amaral)

23 maio, 2014

Georgia O'Keeffe, The Lawrence Tree, 1929



22 maio, 2014

caixa de pedras de Georgia O'Keeffe

21 maio, 2014

When it's over, I want to say: all my life I was a bride married to amazement. 

Mary Oliver
Instructions for living a life:
Pay attention.
Be astonished.
Tell about it.

Mary Oliver
George Hendrik Breitner, Luar, 1887

20 maio, 2014

Auguste Rodin, Cambodian Dancer, 1906

18 maio, 2014

podia ter sido feliz
acordando e adormecendo
alimentando-me das pequenas algas do tanque
vendo os roedores correrem por entre os laços das árvores
acordando e adormecendo
alimentando as pequenas algas do tanque

Frederico Mira George, Caixa Negra, 2006


Bill Henson,untitled, 2005-06
CT, 2014, maio (da série desenhos de maio)

CT, 2014, botões de loendro (da série desenhos de maio)



17 maio, 2014

Jasper Johns, Target with Four Faces, 1955
























J.J. junto à obra

16 maio, 2014

 “what did my arms do before they held you?”    Sylvia Plath
Pág78, da revista La Révolution Surrealiste, nº12, 1929
No centro "je ne vois pas la (femme) cachée dans la fôret" de René Magritte.
A rodear a pintura, o grupo surrealista de Paris:

Maxime Alexandre, Louis Aragon, André Breton, Luis Bunuel, Jean Caupenne;

Salvador Dalì  e Paul Éluard;
Max Ernst  e Marcel Fourrier;

Camille Goemans  e  René Magritte;
Paul Nougé, Georges Sadoul, Yves Tanguy, André Thirion e Albert Valentin

14 maio, 2014

Hans Holbein,The Younger, Retrato de Mulher com Esquilo e Estorninho, 1527

13 maio, 2014

tinha aprendido que era muito importante criar desobjectos.
certa tarde, envolto em tristezas, quis recusar o cinzento. não munido de nenhum artefacto alegre, inventei um espanador de tristezas.
era de difícil manejo – mas funcionava.


(...)
há qualquer coisa de sapiência na palavra tristeza. e algumas tristezas não são de espanar – um dia posso descobrir que elas me fazem falta e ter que ir buscá-las na lixeira da catin ton.
vou encher-me de silêncios e imitar as pedras. adormecer entre as pedras pode ser que me contagie delas. depois de conseguir ser pedra vou exercitar o sorriso dessa pedra que eu for. com esse sorriso vou iniciar uma construção...

uma construção pode bem ser o lado avesso de uma certa tristezura.


Ondjaki, Materiais para Confecção de um Espanador de Tristezas, 2009
Henry Fuseli, Autoretrato

12 maio, 2014

Henry Fuseli, Autoretrato, 1777

11 maio, 2014

home 85-86

cedro sobre o desenho da Ana 



    
       

10 maio, 2014

Keith Arnatt, da série Gardeners, 1978-9 



Keith Arnatt, I'm A Real Artist, 1969

António Pocinho e Keith Arnatt

cartas

As cartas não viajam à velocidade da luz, nem lá perto, nem mesmo as cartas de condução. Só os bilhetes-postais viajam a uma velocidade superior à da luz, com as suas palavras acabadas de se pôr sobre uma paisagem ou um momento, com esses recados de nós, mansos viajantes siderais, mesmo quando vamos só até Cacilhas.





como deixar de fumar nas terras altas

Diz-se que, depois do primeiro dia, o sétimo dia é o mais difícil, mas eu acho que é o décimo. Como o fumo sobe das terras baixas em direcção aos picos onde é proibido fumar, é ver então toda a gente a caminho das montanhas para fumadores.



portal das selecções

Não sei em que rubrica me incluo: endereço insuficiente, recusado, desconhecido, residente em parte incerta, falecido ou outros.



António Pocinho, Os Pés Frios Dentro da Cabeça


Keith Arnatt, Self Burial, 1969

09 maio, 2014

home 83-84

Obsessão pela cor. Sonho a cores e às vezes o que fica dos sonhos são as cores. Tenho sorte.

08 maio, 2014

Cy Twombly


Cy Twombly,  s/ título, 1961

Cy Twombly, Ferragosto-I , 1966

Cy Twombly, Quattro Stagioni, part III : Autunno, 1993-94


 Casa de Cy Twombly, Roma


07 maio, 2014

Atelier de Cy Twombly (Paola Igliori com Alastair Thain)

05 maio, 2014

Fomos escolhidos pelos deuses
Escolhidos e abandonados
Lucidez e desencanto nos marcam.

Graça T


Cy Twombly, s/ título, 1983
























Cy Twombly, Thicket, 1981

Cy Twombly, Aurora, 1981

Cy Twombly, s/ título, 1984/85