30 novembro, 2014

My true word has no sound.
Chiharu Shiota






Chiharu Shiota, In Silence, 2002-2013

29 novembro, 2014

Ruth Asawa

Imogen Cunningham, Ruth Asawa, 1952

Ruth Asawa, 1954






















Ruth Asawa sketches, 1954

Imogen Cunnigham, Ruth Asawa, Sculptor, and Her Children, 1958

Paul Klee, Colour chart, 1931

28 novembro, 2014

Hassan Sharif, Supended Objects, 2011

27 novembro, 2014

26 novembro, 2014

Richard Serra, Cycle, 2010

25 novembro, 2014

Lucian Freud, Girl with Rose, 1948

O velho tanque
uma rã mergulha,
barulho de água.


Matsuo Bashô

24 novembro, 2014

Anders Krisar, Half Boy, 2014

23 novembro, 2014

(...)
Por isso não temo que se apague a minha respiração,
Pois a morte nada mudará;
Pois algures num vale de alegria me hei-de encontrar,
Terra junto à terra, ou árvore junto à árvore,
Muitos e muitos anos com aquela que agora amo;
E sentirei alegria ao partilhar 
Com ela o sol e a chuva e o ar,
Para com ela gozar a sua tranquila proximidade
Como gozam as mudas coisas dos campos e dos bosques,
A terra, a árvore, a flor estrelada, 
Todas as coisas que têm esse poder.

Robert Louis Stevenson, Poemas
Marc Chagall, Over the Town, 1914-18

22 novembro, 2014

Lucian Freud, Autoretrato, c.1956

21 novembro, 2014

Edvard Munch, Encounter in Space, 1898

18 novembro, 2014

Kees van Dongen, Jeune Arab, 1910-11

17 novembro, 2014

Kasimir Malevitch, Black Circle, 1913-15

Kasimir Malevitch, Black Square, 1913-15

16 novembro, 2014

When it’s over, I want to say all my life
I was a bride married to amazement,
I was the bridegroom, taking the world into my arms.

When it’s over, I don’t want to wonder
if I have made of my life something particular, and real.
I don’t want to find myself sighing and frightened
or full of argument.

I don’t want to end up simply having visited this world.

Mary Oliver, New and Selected Poems

15 novembro, 2014

Károly Ferenczy, Madárdal (pormenor), 1893

14 novembro, 2014

Só o silêncio faz rumor no voo das borboletas.


Manoel de Barros, O Fazedor de Amanhecer

13 novembro, 2014

Uso a palavra para compor meus silêncios.

Não uso das palavras
Fatigadas de informar.
Dou mais respeito
Às que vivem de barriga no chão
Tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou importância às coisas desimportantes
E aos seres desimportantes
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais do que as dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios
Amo os restos
Como boas moscas.
Queria que minha voz tivesse formato de canto
Porque não sou da informática
Eu sou da invencionática.
Só uso minhas palavras para compor meus silêncios.

Manoel de Barros, Memórias inventadas – As Infâncias 



Manoel de Barros (1916 - 2014)                                                          Poeta.


Helen Frankenthaler, Baccus, 2002

12 novembro, 2014

A fala quer-se árida, de uma aridez idêntica à da roupa que nos cobre ou à do céu, de que me esforço, sempre que dele falo, por deixar à mostra um dos agrafos mais profundos.

Luís Miguel Nava, Poesia Completa

11 novembro, 2014

A própria alma é elástica: podemos, assentando um dedo sobre a sua superfície e pressionando-a, levá-la a tocar nas coisas mais inesperadas.

Luís Miguel Nava, Poesia Completa


Willy Verginer, 2007

09 novembro, 2014

Gilbert &George, Crusade, 1980
     























    
   REALIZANDO UM FILME


   Estão a realizar um filme. Mas está tudo errado. Julgar-se-ia que o herói estaria triunfal no convés de um navio, mas pelo contrário está num cadafalso à espera de ser enforcado.
   Julgar-se-ia que a heroína estaria a beijar o herói no convés desse navio, mas pelo contrário está a ser amarrada para um tratamento de electrochoques.
   Multidões de camponeses que anseiam pela democracia, e supostamente estariam a celebrar a morte de um tirano, estão na realidade, a carregar esse mesmo tirano às costas, declarando-o o salvador do povo.
   O realizador não sabe onde está o erro. O produtor está muito abalado.
   O duplo pergunta repetidamente, agora? depois dá um salto e cai de cabeça.
   Entretanto uma manada de elefantes atropela o elenco principal;  e inundações fictícias estão de facto a inundar o palco.
   O duplo pergunta, repetidamente, agora? e dá um salto e cai de cabeça. 
 O realizador, coçando a cabeça, diz, talvez os electrochoques pudessem ser substituídos por insulina...?
   Tem a certeza? pergunta o produtor?
   Não, mas mesmo assim, podíamos tentar... E já  agora, esse duplo não é muito bom, pois não?


Russel Edson, O Túnel

08 novembro, 2014

Gabriel Orozco, Piñanona, 2013

06 novembro, 2014

luíza neto jorge


05 novembro, 2014

Não podendo falar para toda a terra
direi um segredo a um só ouvido

Luíza Neto Jorge, A Lume
Bruce Nauman, Untitled (Three Large Animals), 1989

04 novembro, 2014

Károly Ferenczy, Rapazes Atirando Seixos ao Rio,1890

02 novembro, 2014

Alberto Carneiro, Um campo depois da colheita para deleite estético do nosso corpo,
1973-76

Alberto Carneiro, Uma floresta para os teus sonhos, 1970

01 novembro, 2014

Uma nuvem, uma árvore, uma flor, um punhado de terra situam-se no mesmo plano estético em que nos movemos, são parte integrante do nosso mundo, são um manancial de sensações vindas de todos os tempos, através de uma memória que tem a idade do homem. Não a pedra pelo seu lado externo, pela conversão dos seus valores formais, mas pela qualidade do seu íntimo, pelo cosmos que está nela e o qual nos é dado possuir na simplicidade em que a coisa vive.

Alberto Carneiro, Notas para um manifesto de uma arte ecológica
Autoestrada 99E
desde Chico

Os patos-reais desceram
para a noite. Eles riem-se
ao dormir e sonham com o México
e as Honduras. O agrião
assenta na vala de irrigação
e os caules caem para a frente, com
o peso dos melros.

Os campos de arroz flutuam sob a Lua.
Até as folhas molhadas do ácer se agarram 
ao meu pára-brisas. Digo-te, Maryann,
estou feliz.

Raymond Carver, Fogos