20 março, 2016

a tua pedra está lá

Dantes quando eu escrevia poemas eles não mudavam
deixados de noite sobre a página

ficavam como estavam e a luz do dia rompia
nos versos, como na corda da roupa no pátio

ajoujada com o peso de roupas esquecidas ou deixadas ficar
para um sol melhor no dia seguinte

Mas agora sei o que acontece enquanto durmo
e quando acordo o poema mudou:

os factos dilataram-no, ou cancelaram-no;
e à luz de cada manhã, a tua pedra está lá.



Adrienne Rich, Uma Paciência Selvagem  (trad. Mª Irene Ramalho e Mónica Varese Andrade)



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