Paulo Guilherme, ilustração para A Noite Que Fora de Natal de Jorge de Sena 1961 |
31 maio, 2017
29 maio, 2017
28 maio, 2017
Anoto este facto, entre outros, no meu caderno, para futuras
referências. Quando for grande terei sempre comigo um espesso caderno de notas
com numerosas páginas metodicamente dispostas por ordem alfabética. Aí
escreverei as minhas notas. Na letra B, haverá por exemplo "Borboletas
brancas reduzidas a pó". Se no meu romance tiver que descrever um raio de
sol num parapeito da janela, irei ver a letra B e lá encontrarei as palavras
"Borboletas brancas reduzidas a pó". Há-de ser-me útil.
Virginia Woolf, As Ondas
27 maio, 2017
26 maio, 2017
24 maio, 2017
22 maio, 2017
21 maio, 2017
20 maio, 2017
19 maio, 2017
17 maio, 2017
16 maio, 2017
Pentti Holappa e Sabine Weiss
15 maio, 2017
13 maio, 2017
11 maio, 2017
10 maio, 2017
Andrea Büttner e Gregory Corso
Andrea Büttner, Ramp, 2015
POETAS PEDINDO BOLEIA NA AUTO-ESTRADA
Claro que tentei dizer-lhe
mas ele virou a cara
_____sem uma desculpa.
Disse-lhe que o céu persegue
_____o sol
E ele sorriu e disse:
_____«Para que serve isso.»
Eu sentia-me como um demónio
_____de novo
Por isso disse: «Mas o oceano persegue
_____os peixes.»
Desta vez riu-se
_____e disse: «Suponho que
__________os morangos foram
_______________empurrados para uma montanha.»
Depois disso vi que a
_____guerra estava declarada...
Então lutámos:
Ele disse: «A carroça das maçãs como um
____________________anjo numa vassoura
_______________racha & lasca
____________________velhos tamancos holandeses.»
Eu disse: «O relâmpago vai cair no velho carvalho
_______________e libertar os fumos!»
Ele disse: «Rua louca sem nome.»
Eu disse: «Assassino careca! Assassino careca! Assassino careca!»
Ele disse, perdendo mesmo a cabeça,
__________«Fogões! Gasolina! Divã!»
Eu disse, sorrindo apenas:
__________«Sei que Deus voltaria a cabeça
__________se me sentasse calado e pensasse.»
Acabámos por evaporar-nos,
_____odiando o ar!
Gregory Corso em Antologia da Novíssima Poesia Norte Americana (selecção, tradução, prefácio e notas de Manuel de Seabra, 1973)
08 maio, 2017
07 maio, 2017
06 maio, 2017
05 maio, 2017
Ian Hamilton Finlay, Broken heartbroken, 1968 |
... o que é preciso é alguém para abrir as janelas que não há...
Cruzeiro Seixas, Desaforismos (Perfecto E.Quadrado, A Única Real Tradição Viva)
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03 maio, 2017
01 maio, 2017
e aquele que espia o perfume
José Pinto de Sá, Maputo, 2016 |
X
Escolhe um grande chapéu cuja aba seduzamos. O olho recua um século nas províncias da alma. Pela porta de cré vivo vêem-se as coisas da planície: coisas vivas, ó coisas
excelentes!
(...)
muitas coisas sobre a terra para escutar e para ver, coisas vivas entre nós!
festas de comemoração ao ar livre para os aniversários das grandes árvores e cerimónias públicas em honra de um charco; consagrações de pedras negras, perfeitamente redondas, invenções de nascentes em lugares mortos, sagrações de tecidos na ponta das varas à aproximação dos desfiladeiros, (...)
muitas outras coisas ainda à altura das nossas têmporas: os curativos dos animais nos arrabaldes, as sublevações da multidão ao encontro dos tosquiadores, dos poceiros e dos capadores; as especulações na aragem das colheitas e a ventilação do feno na ponta das forquilhas sobre os telhados; as construções de cercas de terracota rosada, (...)
ah! todo o tipo de homens nas suas maneiras e feitios: comedores de insectos, de frutos de água; portadores de emplastros, de riquezas! (...) e o homem de nenhum ofício: homem do falcão, homem da flauta, homem das abelhas; aquele que extrai o seu prazer do timbre da sua voz, aquele que descobre a sua utilidade na contemplação de uma pedra verde; que faz arder para seu prazer um fogo de cortiças no telhado; que faz um leito de folhas odoríferas sobre a terra, e nele se deita e repousa; que pensa em desenhos de cerâmicas verdes para bacias de águas vivas; e aquele que andou em viagens e sonha voltar a partir; que viveu num país de grandes chuvadas;(...) aquele que tem opiniões acerca da utilização de uma cabaça; (...) aquele que recolhe o pólen num vaso de madeira (e o meu prazer, diz ele, está nesta cor amarela); aquele que come fritos, vermes das palmeiras, framboesas; aquele que adora o sabor do estragão; aquele que sonha com um pimento; (...) e aquele que espia o perfume do génio nas fendas recentes da pedra; (...)
Saint-John Perse, Habitarei o Meu Nome (trad. João Moita)
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