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Louise Glück - Averno
AVERNO
Averno. Antigo nome, Avernus. Um pequeno lago numa cratera, dez milhas a ocidente de Nápoles, em Itália; considerado pelos romanos como a entrada para o submundo.
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Morres quando o teu espírito morre.
De outro modo, vives.
Podes não fazer grande coisa disso, mas continuas –
algo para que não tens escolha.
Quando digo isto aos meus filhos
não prestam atenção.
Os velhos, pensam eles –
é isto que fazem sempre:
falam de coisas que ninguém consegue ver
para encobrirem as células cerebrais que estão a perder.
Piscam o olho uns aos outros:
ouçam lá o velho, falando do espírito
porque já não consegue lembrar-se da palavra cadeira.
É terrível estar só.
Não quero dizer viver sozinho –
Estar só, onde ninguém nos ouve.
Eu lembro-me da palavra cadeira.
Apetece-me dizer-lhes – só que já não estou interessado.
Acordo a pensar
tens de te preparar
Em breve o espírito desistirá -
nem as cadeiras todas do mundo te ajudarão.
trad. de José Sá e Cristina Tavares
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