Keith Arnatt, I'm A Real Artist, 1969 |
10 maio, 2014
António Pocinho e Keith Arnatt
cartas
As cartas não viajam à velocidade da luz, nem lá
perto, nem mesmo as cartas de condução. Só os bilhetes-postais viajam a uma
velocidade superior à da luz, com as suas palavras acabadas de se pôr sobre uma
paisagem ou um momento, com esses recados de nós, mansos viajantes siderais,
mesmo quando vamos só até Cacilhas.
como deixar de fumar nas terras altas
Diz-se que, depois do primeiro dia, o sétimo dia
é o mais difícil, mas eu acho que é o décimo. Como o fumo sobe das terras
baixas em direcção aos picos onde é proibido fumar, é ver então toda a gente a
caminho das montanhas para fumadores.
portal das selecções
Não sei em que rubrica me incluo: endereço
insuficiente, recusado, desconhecido, residente em parte incerta, falecido ou
outros.
António Pocinho, Os Pés Frios Dentro da Cabeça
Keith Arnatt, Self Burial, 1969 |
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09 maio, 2014
08 maio, 2014
05 maio, 2014
04 maio, 2014
PROPORÇÃO
No céu há uma lua e estrelas,
E no meu jardim há mariposas amarelas
Agitando-se em torno do arbusto de azáleas brancas.
E no meu jardim há mariposas amarelas
Agitando-se em torno do arbusto de azáleas brancas.
O RETIRO DE HSIEH KUNG POR LI T’AI-PO
O sol está a pôr-se – pôs-se – na Montanha Verde-Primavera.
O retiro de Hsieh Kung está solitário e quedo.
Nenhum som humano no campo de bambu.
A branca lua brilha no centro do lago do jardim abandonado.
À volta da Casa de Verão desabitada há relva apodrecida,
Musgo cinzento abafa o poço em ruínas.
Há, apenas, o vento livre, claro
Uma vez e outra passando sobre as pedras da fonte.
O retiro de Hsieh Kung está solitário e quedo.
Nenhum som humano no campo de bambu.
A branca lua brilha no centro do lago do jardim abandonado.
À volta da Casa de Verão desabitada há relva apodrecida,
Musgo cinzento abafa o poço em ruínas.
Há, apenas, o vento livre, claro
Uma vez e outra passando sobre as pedras da fonte.
Amy Lowell , revista Telhados de Vidro, n.º 14
03 maio, 2014
Plastic Head
CT, fevereiro 2014, Plastic Head (da série Sleeping Head)
Enfim, enfim, já é tempo
De às aflições um fim dar.
Enfim se vão dor, pesar,
Enfim, dos males a pedra
Em ouro será convertida.
Benjamim Schmolck (séc. XVII / XVIII), O Cardo e a Rosa - Poesia do Barroco Alemão ( trad. João Barrento)
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25 abril, 2014
A poesia não me pede propriamente uma especialização pois a sua arte é
uma arte do ser. Também não é tempo ou trabalho o que a poesia me pede. Nem me
pede uma ciência nem uma estética nem uma teoria. Pede-me antes a inteireza do
meu ser, uma consciência mais funda do que a minha inteligência, uma fidelidade
mais pura do que aquela que eu posso controlar. Pede-me uma intransigência sem
lacuna. Pede-me que arranque da minha vida que se quebra, gasta, corrompe e
dilui uma túnica sem costura. Pede-me que viva atenta como uma antena, pede-me
que viva sempre que nunca me esqueça. Pede-me uma obstinação sem tréguas, densa
e compacta.
Sophia de
Mello Breyner Andersen, Arte poética II
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Sophia
24 abril, 2014
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