16 maio, 2014
“what did
my arms do before they held you?” Sylvia Plath
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Sylvia Plath
13 maio, 2014
tinha
aprendido que era muito importante criar desobjectos.
certa
tarde, envolto em tristezas, quis recusar o cinzento. não munido de nenhum
artefacto alegre, inventei um espanador de tristezas.
era de
difícil manejo – mas funcionava.
(...)
há qualquer coisa de sapiência na palavra tristeza. e algumas
tristezas não são de espanar – um dia posso descobrir que elas me fazem falta e
ter que ir buscá-las na lixeira da catin ton.
vou encher-me de silêncios e imitar as pedras. adormecer entre as
pedras pode ser que me contagie delas. depois de conseguir ser pedra vou
exercitar o sorriso dessa pedra que eu for. com esse sorriso vou iniciar uma
construção...
uma construção pode bem ser o lado avesso de uma certa tristezura.
Ondjaki, Materiais para Confecção de um Espanador de Tristezas, 2009
11 maio, 2014
10 maio, 2014
António Pocinho e Keith Arnatt
cartas
As cartas não viajam à velocidade da luz, nem lá
perto, nem mesmo as cartas de condução. Só os bilhetes-postais viajam a uma
velocidade superior à da luz, com as suas palavras acabadas de se pôr sobre uma
paisagem ou um momento, com esses recados de nós, mansos viajantes siderais,
mesmo quando vamos só até Cacilhas.
como deixar de fumar nas terras altas
Diz-se que, depois do primeiro dia, o sétimo dia
é o mais difícil, mas eu acho que é o décimo. Como o fumo sobe das terras
baixas em direcção aos picos onde é proibido fumar, é ver então toda a gente a
caminho das montanhas para fumadores.
portal das selecções
Não sei em que rubrica me incluo: endereço
insuficiente, recusado, desconhecido, residente em parte incerta, falecido ou
outros.
António Pocinho, Os Pés Frios Dentro da Cabeça
Keith Arnatt, Self Burial, 1969 |
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09 maio, 2014
08 maio, 2014
05 maio, 2014
04 maio, 2014
PROPORÇÃO
No céu há uma lua e estrelas,
E no meu jardim há mariposas amarelas
Agitando-se em torno do arbusto de azáleas brancas.
E no meu jardim há mariposas amarelas
Agitando-se em torno do arbusto de azáleas brancas.
O RETIRO DE HSIEH KUNG POR LI T’AI-PO
O sol está a pôr-se – pôs-se – na Montanha Verde-Primavera.
O retiro de Hsieh Kung está solitário e quedo.
Nenhum som humano no campo de bambu.
A branca lua brilha no centro do lago do jardim abandonado.
À volta da Casa de Verão desabitada há relva apodrecida,
Musgo cinzento abafa o poço em ruínas.
Há, apenas, o vento livre, claro
Uma vez e outra passando sobre as pedras da fonte.
O retiro de Hsieh Kung está solitário e quedo.
Nenhum som humano no campo de bambu.
A branca lua brilha no centro do lago do jardim abandonado.
À volta da Casa de Verão desabitada há relva apodrecida,
Musgo cinzento abafa o poço em ruínas.
Há, apenas, o vento livre, claro
Uma vez e outra passando sobre as pedras da fonte.
Amy Lowell , revista Telhados de Vidro, n.º 14
03 maio, 2014
Plastic Head
CT, fevereiro 2014, Plastic Head (da série Sleeping Head)
Enfim, enfim, já é tempo
De às aflições um fim dar.
Enfim se vão dor, pesar,
Enfim, dos males a pedra
Em ouro será convertida.
Benjamim Schmolck (séc. XVII / XVIII), O Cardo e a Rosa - Poesia do Barroco Alemão ( trad. João Barrento)
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