04 junho, 2014

Keith Arnatt, da série Walking the Dog, 1976-79
Para a G.





















Keith Arnatt, da série Walking the Dog, 1976-79

Keith Arnatt, da série Walking the Dog, 1976-79

Keith Arnatt, da série Walking the Dog, 1976-79

03 junho, 2014

Anni Albers, tapeçaria

02 junho, 2014

Anni and Josef Albers
Ted Dreier, Anni e Josef Albers at Black Mountain college; c.1936

Anni Albers, tapeçaria

01 junho, 2014

Josef Albers

Josef Albers, Homage to the Square, 1965

31 maio, 2014

Vivian Mayer, Self-portrait, 1954

Vivian Mayer, Self-portrait, 1954

Vivian Mayer, New York, 1955

Vivian Mayer, Self-portrait, 1956

Vivian Mayer, Self-portrait, 1971

30 maio, 2014

Penso que sou feliz, mas como poderei saber isso?

Port-Cros

Nadar, mergulhar. Tenho barbatanas
graças às quais me reinvento.
Deslizo e permaneço entre montes
afundados. Sob a água, sob o futuro:

Talvez o agora seja algo idêntico. Os peixes
ensaiam uma espécie de simultaneidade; olha,
ali vai um cardume de doze frases
num silêncio pré-natal, no seu entretanto,

ocupado em comer água. Mais tarde
o quarto fica cheio de água. Blublublu, dizes.
Blublu, digo. Penso que sou feliz,
mas como poderei saber isso?

Herman de Coninck, Os Hectares da Memória, 1996




Fotografias a cor de Patrick de Spiegelaere:
vistas do mar. Pergunto-lhe os seus truques.
Nenhuns, diz ele. Esperar até às dez da noite,
e então consegues uma luz assim.

Esperar até aos cinquenta
E então consegues um poema assim.

Herman de Coninck, Os Hectares da Memória, 1996


Herman de Coninck (Mechelen,1944 - Lisboa,1997)



















Não é preciso muito para morar.
Alguém que diga "aqui" face ao incomensurável.

E um medalhão sobre a lareira,
um retrato de passe. Tão pequeno
é o inesquecível.

Herman de Coninck, Os Hectares da Memória,1996

29 maio, 2014

Julia Auerbach, Lucian Freud, 1989

Lucian Freud, Francis Bacon, 1957-58

28 maio, 2014

Endre Kukorelly

Os músicos deslizam
até ao pescoço na vala
dos músicos, lá em baixo,

afinam os instrumentos
antes de tocar e depois 
a ferramenta volta

para o estojo, infelizmente
não andei na escola de música 
mas admiro sempre

o piano que toca quando é batido
no lugar certo
e ainda mais admirável

é a música de ópera
mas porque razão?
seria muito longo

dar os pormenores,
tenho tanta vergonha
no que diz respeito à música

não posso mostrar as entranhas
embora traga sempre
música lá dentro.

Endre Kukorelly, Um Jardim de Plantas Medicinais, 1997
     Segundo um estrangeiro vaidoso, os Húngaros tiveram muitos heróis. Um tipo muito desagradável. Na opinião dele, há muitos heróis, poetas e patriotas, desnecessariamente assinalados, tanta pedra, tanto ferro, por exemplo lá só existiram o Bismarck ou o Goethe com estátuas, pronto, porque é que têm de homenagear tanto? Enfim, era um chato. Pois então, vamos homenagear. Mais lhe valia beber uma cerveja. Aliás, não há nenhuma estátua de ferro. Nem mesmo as coroas de louros são de ferro. Nem as bandeiras. Nem a bruxa da história tem o nariz de ferro. Usam outros metais.

Endre Kukorelly, Um Jardim de Plantas Medicinais, 1997
Christo, Ten Million Oil Drums Wall - project for the Suez Canal, 1972

27 maio, 2014

Christo, s/título, 1982


26 maio, 2014

Margaret Watkins, Head and Hand, 1925

25 maio, 2014

Kenneth Josephson, 1970

24 maio, 2014

Gordon Parks, The Invisible Man, Harlem, New York, 1952

Junto palavras na máquina de escrever, pela noite dentro, pensando no dia de hoje. Tão bem que nós falávamos todos. Uma língua é um mapa dos nossos erros. Frederick Douglass escrevia num inglês mais puro que o de Milton. As pessoas sofrem deseperadamente na pobreza. Existem métodos,  mas não os usamos. Joana, que não sabia ler, falava uma forma camponesa de francês. Algum do sofrimento é: é duro dizer a verdade; isto é a América; não posso tocar-te agora. Na América temos só o tempo presente. Estou em perigo. Estás em perigo. O queimar de um livro não desperta em mim qualquer sensação. Sei que queimar dói. Há chamas de napalme em Catonsville, Maryland. Sei que queimar dói. A máquina de escrever está sobreaquecida, a minha boca queima, não te posso tocar agora e esta é a língua do opressor.


Adrienne Rich, 1968 (tradução Ana Luísa Amaral)