Edward Hopper, Early Sunday Morning, 1930 |
11 abril, 2015
Olhar o Céu de Verão
É Poesia, que ela nunca se deita num livro –
Os Poemas Verdadeiros voam –
Emily Dickinson , trad. Cristina Tavares, 2015 (obrigada G.)
To see the Summer Sky / Is Poetry, though never in a Book
it lie – / True Poems flee –
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10 abril, 2015
A Dor – tem uma Lacuna –
Não consegue recordar
Quando começou – ou se houve
Uma altura em que não existiu –
Não tem Futuro – senão ela mesma
O seu Infinito contém
O seu Passado – iluminado para detectar
Novos
Períodos – de Dor.
Emily Dickinson , trad. Cristina Tavares, 2015
Pain
– has an Element of Blank – / It
cannot recollect / When
it begun – or if it there were / A
time when was not – //It
has no Future – but itself – / Its
Infinite contain / Its
Past – enlightened to perceive / New Periods – of Pain.
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09 abril, 2015
Uma
palavra morre
Quando
é dita,
Dizem
alguns.
Eu
digo que só
Começa
a viver
Nesse
dia.
Emily Dickinson , trad. Cristina Tavares, 2015
A word is dead / When it is said, / Some say. // I say it just / Begins to live / That day.
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08 abril, 2015
07 abril, 2015
“Natureza” é o que
vemos –
A Colina – a Tarde –
Esquilo – Eclipse – a
Abelha –
Não – Natureza é Céu –
Natureza é o que
ouvimos –
O Rouxinol – o Mar –
Trovão – o Grilo –
Não – Natureza é Harmonia –
Natureza é o que
conhecemos –
Falta-nos contudo arte
para dizer –
Tão impotente a Nossa Sabedoria
é
Para a sua Simplicidade.
Emily Dickinson , trad. © Cristina Tavares, 2015
“Nature” is what we see – // The Hill – the Afternoon – // Squirrel – Eclipse – the Bumble bee – // Nay – Nature is Heaven – // Nature is what we hear – // The Bobolink – the Sea – //Thunder – the Cricket –// Nay
– Nature is Harmony – // Nature is what we know – // Yet
have no art to say – // So impotent Our Wisdom is // To
her Simplicity.
06 abril, 2015
Opinião é
uma coisa esvoaçante,
Mas a
Verdade, dura mais que o Sol –
Se não as
pudermos ter às duas –
Possuamos a mais antiga –
Emily Dickinson , trad. © Cristina Tavares, 2015
Opinion is a flitting thing, / But Truth, outlasts the Sun - / If then we cannot own them both - / Possess the oldest one –
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05 abril, 2015
Emily Dickinson
(...)
Mas o
Trabalho pode ser um eléctrico Descanso
Para aqueles
que fazem Magia -
Emily Dickinson , trad. © Cristina Tavares, 2015
But Work might be electric Rest // To those that Magic make –
But Work might be electric Rest // To those that Magic make –
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A Eternidade – é composta de Agoras –
Não são tempos diferentes –
Excepto para a Eternidade –
E Latitude de Casa –
A partir daqui – experiente Aqui –
Remove as Datas – para Essas –
Deixa os Meses dissolverem-se em
mais Meses –
E Anos –desvanecerem-se em Anos –
Sem Argumentos – ou Pausas –
Ou Dias Comemorativos –
Não seriam diferentes os Nossos Anos
Da Vida Eterna –
Emily Dickinson , trad. © Cristina Tavares, 2015
Forever - it
composed of Nows - / 'Tis not a different time - / Except for Infiniteness - / And Latitude of Home - / From this -
experienced Here - / Remove the Dates - to These - / Let Months dissolve in further Months - / And Years - exhale in Years -/ Without Debate -
or Pause - / Or Celebrated Days - / No different Our Years would be / From Anno Dominies -
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Uma coisa de ti cobiço
–
O poder de esquecer –
O patético da Avareza
Financia as suas
Impurezas –
Uma coisa de ti levo
emprestado
E prometo devolver –
Os Despojos e a Dor
De ter conhecido a tua
Doçura –
Emily Dickinson , trad. © Cristina Tavares, 2015
One thing of thee I covet -
/ The power to forget - / The pathos of the Avarice / Defrays
the Dross of it
- // One thing of thee I borrow / And promise to return - / The Booty and
the
Sorrow /Thy Sweetness to have known -
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04 abril, 2015
Para fazer
um prado é necessário um trevo e uma abelha,
Um trevo,
e uma abelha,
E
devaneio.
O devaneio
só também serve,
Se as
abelhas forem poucas.
Emily Dickinson, trad. © Cristina Tavares, 2015
To make a prairie it takes a clover and
one bee, / One clover, and a bee, / And revery. / The revery alone will do, / If bees are few.
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03 abril, 2015
Para preencher uma Falha
Insere a Coisa que a causou –
Bloqueia-a
Com Outra Coisa – e abrirá ainda mais –
Não podes soldar um Abismo
Com Ar.
Emily Dickinson, trad. © Cristina Tavares, 2015
To fill a Gap / Insert the Thing that caused it - / Block it up / With Other - and 'twill yawn the more - / You cannot solder an Abyss / With Air.
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Não podes suspender um Incêndio -
Uma coisa que arda
Pode ir, por si, sem um Sopro
Pela noite mais lenta –
Não podes cingir uma Inundação
E pô-la numa Gaveta –
Porque os Ventos encontrá-la-iam –
E di-lo-iam ao teu Chão de Cedro -
Emily Dickinson, trad. © Cristina Tavares, 2015
You cannot put a Fire out - /A Thing that can ignite / Can go, itself, without a Fan - / Upon the slowest night - / You cannot fold a Flood - / And put it in a Drawer - / Because the Winds would find it out - /And tell your Cedar Floor -
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O meu olhar está mais cheio que a minha jarra –
A Sua Carga – é de Orvalho –
E no entanto – meu Coração –
o meu olhar pesa mais –
Índia Oriental – para ti!
My eye is
fuller than my vase - / Her Cargo - is of Dew - / And still - my Heart - my eye outweighs - / East India - for you!
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Se O que Pudéssemos– fosse o que tivéssemos –
O Critério seria – modesto –
É Fundamento do Falar –
A Impotência de Dizer –
Emily Dickinson , trad. © Cristina Tavares, 2015
If What we
Could - were what we would - /Criterion - be small -/ It is the Ultimate of Talk -/ The Impotence to Tell -
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02 abril, 2015
Não pintarei – um
quadro –
Serei antes Um
Com a sua luminosa impossibilidade
Para nele – delicioso – habitar –
E interrogar-me como se sentem os dedos
De quem – celestialmente – se agita e
Evoca de modo doce um tormento
Tão sumptuoso – Desespero –
Não falarei – como Corneta –
Antes serei Uma
Erguida suavemente para o Horizonte –
E fora, e dentro –
Através dos Povoados do Éter-
Eu sobre o Balão –
Através de um lábio de Metal
Ancoradouro para o meu Pontão –
Nem serei um
Poeta –
É melhor – possuir o Ouvir –
Enamorado – impotente – satisfeito –
A Licença para venerar,
Um privilégio tão terrível
Qual seria o Dote,
tivesse eu a Arte de me espantar
Com Dardos – de Melodia!
Emily Dickinson , trad. © Cristina Tavares, 2015
I would not paint - a picture
- / I'd rather be the One /It's bright impossibility /To dwell - delicious - on - /And wonder how the fingers feel /Whose rare - celestial - stir - /Evokes so sweet a torment - Such sumptuous - Despair -// I would not talk,
like Cornets - /I'd rather be the One / Raised softly to Horizons - /And out, and easy on - /Through Villages of Ether - /Myself up borne Balloon / By but a lip of Metal -/ The pier to my Pontoon - // Nor would I be a
Poet - /It's finer - own the Ear - /Enamored - impotent - content - /The License to revere, /A privilege so awful /What would the Dower be, /Had I the Art to / stun myself / With Bolts - of Melody!
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(...) a poesia é a relação pura do homem com as coisas. Isto é: uma relação com a realidade, tomando-a na sua pura existência. O poeta é aquele que vive com as coisas, que está atento ao real, que sabe que as coisas existem.
Sophia de Mello Breyner Andresen, Colóquio, nº8, Abril 1960
Sophia de Mello Breyner Andresen, Colóquio, nº8, Abril 1960
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