15 fevereiro, 2014

Awakening





"Awakening", cristina tavares, fevereiro 2014



14 fevereiro, 2014

Sleeping Though
















"Sleeping Though" cristina tavares,fevereiro1014













10 fevereiro, 2014

Sleeping Words





"Sleeping Words", cristina tavares, fevereiro 2014

09 fevereiro, 2014


 cristina tavares, Sleeping Desertfevereiro 2014































"Sleeping Golden Head", cristina tavares, fevereiro 2014
Mario Quintana, 1906-1994














Que esta minha paz e este meu amado silêncio
Não iludam a ninguém
Não é a paz de uma cidade bombardeada e deserta
Nem tampouco a paz compulsória dos cemitérios
Acho-me relativamente feliz
Porque nada de exterior me acontece...
Mas,
Em mim, na minha alma,
Pressinto que vou ter um terremoto!


Mario Quintana, "Velório Sem Defunto"


Quando, ainda menino, briguei ainda uma vez para sempre com
Adalgisa
Não fui olhar a saída da missa de domingo,
Como era costume naqueles ingênuos e queridos tempos,
E fui passear pela rua da sua casa
Ver a placa da esquina
Despertar o costumeiro revôo dos pombos na calçada
Não esqueci nada, nada daquilo...
Tudo tão cheio da ausência dela!
Mario Quintana, "Velório Sem Defunto"


Hoje me acordei pensando em uma pedra numa rua de Calcutá. Numa determinada pedra numa rua de Calcutá. Solta. Sozinha. Quem repara nela? Só eu, que nunca fui lá. Só eu, deste lado do mundo, te mando agora esse pensamento... Minha pedra de Calcutá.
Mario Quintana, "Velório Sem Defunto"


08 fevereiro, 2014


Cézanne, 1877
não me canso de dizer que cada coisa
pode ser o contrário do que é.

quando digo que cada coisa pode ser
o contrário do que é, sei perfeitamen
te o que digo e é isso que quero di
zer e não o contrário, embora o contr
ário também esteja certo, porque cada
coisa também pode ser o que é.

a função das coisas é ser aquilo
que se quer que elas sejam.

Alberto Pimenta,Obra Quase Incompleta

07 fevereiro, 2014

John Divola, Five Prints, 1987

06 fevereiro, 2014

Pedes-me um poema.
Ofereço-te uma folha de erva.
Dizes que não chega.
Pedes-me um poema.

Eu digo que esta folha de erva basta.
Vestiu-se de orvalho.
É mais imediata
Do que alguma imagem minha.

Dizes que não é um poema.
É uma simples folha de erva e a erva
Não é suficientemente boa.
Ofereço-te uma folha de erva.

Estás indignada.
Dizes que é fácil oferecer uma folha de erva.
Que é absurdo.
Qualquer um pode oferecer uma folha de erva.

Pedes-me um poema.
E então escrevo uma tragédia acerca
De como uma folha de erva
Se torna cada vez mais difícil de oferecer

E de como quanto mais envelheces
Uma folha de erva
Se torna mais difícil de aceitar.

Brian Patten

05 fevereiro, 2014

Picasso, 1953

04 fevereiro, 2014


David Moore, Traffic Dodgers, Piccadilly Circus, 1953


03 fevereiro, 2014

Henri Matisse, litografia, 1913
(O corpo: um sino ouvindo
e repetindo a paisagem)
Francisco Alvim

02 fevereiro, 2014

Tony em évora

Tony Oursler, "Hello?",1996

que bom rever um pouco de Tony Oursler, pioneiro da videoart e multimedia, em évora !



Tony Oursler,"Submerged", 2004




Tony Oursler,"Phobic - White Trash", 1993
Tony Oursler

01 fevereiro, 2014

Ana Cristina César
"É sempre mais difícil ancorar um navio no espaço"

Ana Cristina César

Esqueceria outros
pelo menos três ou quatro rostos que amei
num delírio de arquivística
organizei a memória em alfabetos
como quem conta carneiros e amansa
no entanto flanco aberto não esqueço
e amo em ti os outros rostos


::::::::::::::::

houve um poema
que guiava a própria ambulância
e dizia: não lembro
de nenhum céu que me console,
nenhum,
e saía,
sirenes baixas,
recolhendo os restos das conversas,
das senhoras,
"para que nada se perca
ou se esqueça",
proverbial,
mesmo se ferido,
houve um poema
ambulante,
cruz vermelha
sonâmbula
que escapou-se
e foi-se
inesquecível,
irremediável,
ralo abaixo

::::::::::::::::

Tenho uma folha branca
       e limpa à minha espera:
mudo convite

tenho uma cama branca
        e limpa à minha espera:
mudo convite

tenho uma vida branca
      e limpa à minha espera


Ana Cristina César
Que chova jasmim
sobre todos que se conheceram
e não sabiam que estavam apaixonados.


Ronny Someck (Bagdad,1951-)
Nippur, Iraque, 2600 a.C.























Figura feita de gypsum, com  máscara de ouro
Nippur, Iraque, 2700 a.C.





31 janeiro, 2014

cristina tavares, 2005

29 janeiro, 2014

cristina tavares, 2005

26 janeiro, 2014

cristina tavares, 2005

25 janeiro, 2014

poesia visual

cristina tavares, 2005


cristina tavares, 2005


cristina tavares, 2005


cristina tavares, 2005

CRÍPTICA

Para quem não sabe ler
Toda a escrita é críptica

O alfabeto cirílico é críptico para mim

Os ideogramas chineses ou japoneses
São igualmente crípticos (para mim)

Para os economistas
A poesia é críptica

Para os imbecis
A inteligência é críptica

Para os cegos de nascença
A cor é críptica

Para todos os homens
A sua vida é críptica

Para os vivos
A morte é críptica

Para os mortos
O que será a morte?


E.M. de Melo e Castro, "No Limite das Coisas"
cristina tavares, 2005




cristina tavares, 2005

Alberto e E.M. -poesia visual

Alberto Pimenta, Black&White,1977 
obrigada por toda a poesia visual 
do site

















Eu insisto na palavra “poema”, justamente porque todo este processo, para mim, é um complexo processo de poiésis, no sentido grego mais rigoroso, isto é, o de fazer aquilo que ainda não foi feito.”

E.M.de Melo e Castro, O caminho do leve.  Catálogo Museu de Arte Contemporânea, 2006. 


E.M. de Melo e Castro



Apolinnaire - poesia visual



























reconheça
 essa adorável pessoa é você

sem o grande chapéu de palha

olho
nariz
boca

aqui o oval do seu rosto

seu     lindo  pescoço

                                    um pouco
                                    mais abaixo
                                    é seu coração
                                                que bate

aqui enfim
a imperfeita imagem
de seu busto adorado
visto como
se através de uma nuvem

Caligrama de Guillaume Apollinaire, (trad. de Álvaro Faleiros, 2008)




24 janeiro, 2014

Retrato Proletário
  
Uma jovem alta sem chapéu
de avental

Parada na rua com o cabelo
puxado para trás

Um pé com a peúga tocando
a calçada

O sapato na mão. Examinando-o
atentamente

Retira a palmilha
à procura do prego

Que a magoava tanto


William Carlos Williams, "Antologia Breve"

23 janeiro, 2014

Every bird that sings, and every bud that blooms, does but remind me more of that garden unseen, awaiting the hand that tills it.


Emily Dickinson, numa carta para Susan Gilbert, 1852

19 janeiro, 2014

CT, 2014, narcisos (da série desenhos de maio)

18 janeiro, 2014

Na arte só uma coisa importa: aquilo que não se pode explicar.

Georges Braque

Robert Doisneau, "Georges Braque a Varengeville",1953

Georges e René, outra vez

Em 1949, Georges Braque realizou 4 gravuras para ilustrar a criação radiofónica "Le Soleil des Eaux" de René Char.