27 dezembro, 2015

Camie Lyons

Camie Lyons, Butterfly Effect Night, 2012




Camie Lyons, Opened Cocoon' Night, 201

26 dezembro, 2015

T. S. Eliot

As pessoas estão sempre prontas a considerar-se pessoas de cultura baseando-se numa única competência, quando não só carecem de outras, mas também estão cegas em relação àquelas de que carecem.  Um artista de qualquer espécie, mesmo um artista muito grande, não é só por esta razão um homem de cultura: os artistas não são apenas muitas vezes insensíveis às outras artes que não as que praticam, mas também têm por vezes maneiras muito más ou escassos dotes intelectuais. A pessoa que contribui para a cultura, por mais importante que a sua contribuição possa ser, não é sempre uma "pessoa culta".

T.S. Eliot, Ensaios Escolhidos

imitações insinceras

Porque um homem que é capaz de experimentar descobre-se num mundo diferente em cada década da sua vida; como os vê com outros olhos, os materiais da sua arte renovam-se continuamente. Todavia, de facto muito poucos poetas têm mostrado essa capacidade de adaptação aos anos. Ela exige, realmente, uma honestidade e coragem excepcionais para enfrentar a mudança. A maior parte dos homens ou se agarra às experiências da juventude, de tal modo que a sua escrita se torna uma imitação insincera do seu trabalho mais antigo, ou deixam a paixão para trás e escrevem só com a cabeça, com um virtuosismo desperdiçado e oco. Há outra e mesmo pior tentação: a de se tornarem pomposos, de se tornarem figuras públicas apenas com uma existência pública - cabides com decorações e comendas dependuradas fazendo, dizendo e até pensando e sentindo apenas o que julgam que o público espera deles.

T.S. Eliot, Ensaios Escolhidos (a 1ª edição foi em 1932, podia ser hoje)

25 dezembro, 2015

espanta-espíritos de Antónia, ao sol

















If you live in a house - the house will not fall. 

Arseny Tarkovsky

24 dezembro, 2015

para a construção do poema 37


para a construção do poema 36


Paula e Mary

Paula Modersohn-Becker, Moonlit Landscape, c.1900


















I look; morning to night I am never done with looking.
Looking I mean not just standing around, but standing around
As though with your arms open.


Mary Oliver

23 dezembro, 2015

Sylvia e Frida

Frida Kahlo, Autoretrato, 1948


















Os cisnes desapareceram. Mas o rio
Ainda se lembra como eles eram brancos.
Corre atrás deles com as suas luzes.
Encontra as suas formas numa nuvem.
Que pássaro é aquele que grita
Com tal dor na voz?
Continuo jovem como sempre. O que estarei eu a perder?


Sylvia Plath, 
Três Mulheres: Poema a Três Vozes

22 dezembro, 2015

Robert Frank


Robert Frank, Trolley,New Orleans, 1955

Robert Frank, Detroit

Robert Frank, From the Bus


















































The eye should learn to listen before it looks.

Robert Frank

When people look at my pictures I want them to feel the way they do when they want to read a line of a poem twice.
Robert Frank


Octavio Paz

A hora é transparente:
se o pássaro é invisível, vemos
a cor de seu canto.

Octavio Paz, Antologia Poética

21 dezembro, 2015

Tina Modotti

Tina Modotti, Telegraph Wires, 1921

Sol Lewitt

Sol Lewitt, Wall Drawing #111, 1971

20 dezembro, 2015

Olafur e eu

Olafur Elliasson, Your Glacial Expectations, 2012



Vemos a minha vida partir
por entre o pinhal
sem tocar em nada.
Como pode uma vida
ser tão cautelosa?

Cristina Tavares, Lago, 1997


19 dezembro, 2015

Domenico Ghirlandaio

Domenico Ghirlandaio,
Retrato de Giovanna Tornabuoni (detalhe), 1488

18 dezembro, 2015

Miguel Branco

Miguel Branco, Ínsula,,2015


Miguel Branco, Ínsula, (9,8x12,2cm),2015

Miguel Branco, Ínsula, 2015

16 dezembro, 2015

Ângelo de Sousa

Ângelo de Sousa, s/título (10 quadros para o ano 2000), 1986

15 dezembro, 2015

para F.

Não acredito no tempo, confesso. Depois de usar o meu tapete mágico, gosto de o dobrar e deixar sobrepostos diferentes desenhos. Que importa se o visitante tropeça! O mais alto prazer da ausência de tempo - uma paisagem escolhida ao acaso - é quando estou entre borboletas raras e plantas que lhes servem de alimento. É o meu êxtase, e atrás desse êxtase qualquer outra coisa há, difícil de explicar. É como um vácuo momentâneo para onde converge o que eu amo. Sensação de unidade com sol e pedras.


Vladimir Nabokov, Fala, Memória

14 dezembro, 2015

Saul e Frederico, outra vez

Saul Leiter, Red Umbrella, c.1958







































As premonições existem em directa
consequência do uso imperfeito de cordas
no coração. Turvados os contornos à retina,
cordas-vocábulo em falso,
cordas-espasmo por cada ofensa,
ei-las, as veias d’aparição.

Frederico Mira George, O Veneno Solitário

13 dezembro, 2015

Saul e Frederico

Saul Leiter, Walk with Soames, 1958


























Na horizontalidade das vésperas, ainda
perdura a clarivisão desse itinerário. «Vou
sentado detrás a ti. Sem murmúrio, sem vulto.
Estanque como um relógio prescrito, reconhecendo
nas palpitações microscópicas dos teus dedos,
uma febre súbita de ceder
e uma última hesitação aplanada no estrado do cais.»


Frederico Mira George, O Veneno Solitário



12 dezembro, 2015

Albert Camus

Cada artista mantém, assim, no fundo de si mesmo, uma fonte única que alimenta durante a sua vida o que ele é e o que diz. Quando a fonte secou, vê-se pouco a pouco a obra endurecer, fender-se. São as terras ingratas da arte que a corrente invisível já não irriga. Com o cabelo raro e seco, o artista, protegido com palha, está maduro para o silêncio, ou para os salões, que vêm a dar ao mesmo. Por mim, sei que a minha fonte está em O Avesso e o Direito, nesse mundo de pobreza e de luz em que vivi por muito tempo e cuja recordação me preserva ainda dos dois perigos contrários que ameaçam todos os artistas: o ressentimento e a satisfação.

André Camus,  O Avesso e o Direito (prefácio)