Cristina Tavares, Rouen, junho 2018
02 junho, 2018
01 junho, 2018
Marlene Dumas
Women and Painting
I paint because I am a woman.
(It’s a logical necessity).
If painting is female and insanity is a female malady, then all women painters are mad and all male painters are women.
(It’s a logical necessity).
If painting is female and insanity is a female malady, then all women painters are mad and all male painters are women.
Marlene Dumas in Marlene Dumas, Sweet Nothings. Notes and Texts, 1998
31 maio, 2018
30 maio, 2018
29 maio, 2018
Karel e Ana Cristina
28 maio, 2018
Eva Lewitt
Eva Lewitt, Untitled, 2017 |
Eva Lewitt, Untitled, 2017 |
Eva Lewitt, Untitled, 2017 |
"My inspiration always comes from the materials themselves. I have gravitated towards soft, synthetic, colourful materials; plastic bags, sponges, yarn, tape, etc. I struggled for a time using traditional sculptural materials such as plywood, steel, fibreglass. But these materials hurt me—literally and figuratively. I prefer to work in complete solitude, and I physically could not manage these materials alone."
Eva Lewitt
22 maio, 2018
21 maio, 2018
20 maio, 2018
Anna Akhmátova
Sobre eles me inclino, como sobre a taça,
tantos são nos versos os sinais amados -
Anna Akhmátova, Só o Sangue Cheira a Sangue
tantos são nos versos os sinais amados -
Anna Akhmátova, Só o Sangue Cheira a Sangue
19 maio, 2018
Daniel Jonas
(...)
Se engulo um pinhão
porque não me cresce dentro
um pinheiro?
Ou por outra: quando me entra
toda a música
para onde vai,
porque não me soo
a composição que respiguei?
Daniel Jonas, Bisonte
Se engulo um pinhão
porque não me cresce dentro
um pinheiro?
Ou por outra: quando me entra
toda a música
para onde vai,
porque não me soo
a composição que respiguei?
Daniel Jonas, Bisonte
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17 maio, 2018
15 maio, 2018
12 maio, 2018
09 maio, 2018
08 maio, 2018
Adília
Nem sempre fazer coisas difíceis é eficaz e eficiente. Às vezes fazer coisas fáceis é que é o mais acertado.
...
Há milagres, não há só truques.
...
Cresci ao Deus dará. O mais estranho é que Deus deu.
Adília Lopes, Bandolim, Assírio e Alvim, 2016
...
Há milagres, não há só truques.
...
Cresci ao Deus dará. O mais estranho é que Deus deu.
Adília Lopes, Bandolim, Assírio e Alvim, 2016
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07 maio, 2018
Adília Lopes
BEE
Tenho uma varanda virada a Leste com vasos com plantas. Quando está sol, aparecem muitas abelhas. Afugento as abelhas pronunciando bee com força mas baixinho. As abelhas afastam-se sempre. Experimentei fazer isto e tenho tido uma taxa de sucesso de 100%. Talvez seja por isto que abelha em inglês se pronuncia bee. Não sabia pronunciar muito bem bee mas, a praticar com as abelhas, pronuncio cada vez melhor.
MODUS OPERANDI
Nunca consegui escrever nada com projectos, planos, programas, esquemas, prazos. Grão a grão, verso a verso, enche a galinha o papo. Pôr o carro à frente dos bois. Assim é que funcionou para mim.
Adília Lopes, Bandolim
Tenho uma varanda virada a Leste com vasos com plantas. Quando está sol, aparecem muitas abelhas. Afugento as abelhas pronunciando bee com força mas baixinho. As abelhas afastam-se sempre. Experimentei fazer isto e tenho tido uma taxa de sucesso de 100%. Talvez seja por isto que abelha em inglês se pronuncia bee. Não sabia pronunciar muito bem bee mas, a praticar com as abelhas, pronuncio cada vez melhor.
MODUS OPERANDI
Nunca consegui escrever nada com projectos, planos, programas, esquemas, prazos. Grão a grão, verso a verso, enche a galinha o papo. Pôr o carro à frente dos bois. Assim é que funcionou para mim.
Adília Lopes, Bandolim
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06 maio, 2018
05 maio, 2018
FAGULHA
Ana Cristina Cesar |
Abri curiosa
o céu.
Assim, afastando de leve as cortinas.
Eu queria entrar,
coração ante coração,
inteiriça
ou pelo menos mover-me um pouco,
com aquela parcimônia que caracterizava
as agitações me chamando
coração ante coração,
inteiriça
ou pelo menos mover-me um pouco,
com aquela parcimônia que caracterizava
as agitações me chamando
Eu queria até mesmo
saber ver,
e num movimento redondo
como as ondas
que me circundavam, invisíveis,
abraçar com as retinas
cada pedacinho de matéria viva.
saber ver,
e num movimento redondo
como as ondas
que me circundavam, invisíveis,
abraçar com as retinas
cada pedacinho de matéria viva.
Eu queria
(só)
perceber o invislumbrável
no levíssimo que sobrevoava.
(só)
perceber o invislumbrável
no levíssimo que sobrevoava.
Eu queria
apanhar uma braçada
do infinito em luz que a mim se misturava.
apanhar uma braçada
do infinito em luz que a mim se misturava.
Eu queria
captar o impercebido
nos momentos mínimos do espaço
nu e cheio
captar o impercebido
nos momentos mínimos do espaço
nu e cheio
Eu queria
ao menos manter descerradas as cortinas
na impossibilidade de tangê-las
ao menos manter descerradas as cortinas
na impossibilidade de tangê-las
Eu não sabia
que virar pelo avesso
era uma experiência mortal.
que virar pelo avesso
era uma experiência mortal.
Ana Cristina Cesar, A Teus Pés, 1982
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04 maio, 2018
25 abril, 2018
André Tecedeiro + Liberdade
ele perguntou-me
em que medida é que isso te marcou?
eu perguntei-lhe:
como se mede uma raiz?
André Tecedeiro, O Número de Strahler, ed. Do Lado Esquerdo.
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23 abril, 2018
22 abril, 2018
Paule Vézelay
21 abril, 2018
Estela e Heidi
(…)
que inveja,
penso eu
daqueles que só escrevem quando amam
que inveja,
penso eu
mas depois me arrependo
que inferno seria
só ser atravessada
quando algo respira.
Estela
Rosa in Oceânica
Heidi Kirkpatrick, Lost and Found |
UM CAROÇO DE ABÓBORA JAPONESA
Aprendi
que se você joga um saco de terra no
vaso
é incontrolável que surjam pequenas
folhas
plantas sem nome
diria minha mãe
é tudo mato
mas resolvi jogar terra em um vaso
e ali algumas sementes que iam pro lixo
não me preocupei
nada do que planto dá
não tenho interesse em fertilidades
mas aí brotou por entre o lixo
uma folhinha
puxei o mato
mas ele saía do caroço da abóbora
japonesa
do purê de semana passada
ela ali crescendo
orientalíssima em meu vaso de lixo
orgânico
minha última tentativa de gratidão
com o broto na mão
fiquei pensando nos mestres japoneses
e naqueles samurais de coquezinho
naquelas moças com pés cortados
sapatos de madeira
nos budas de porcelana
e aquela folha ali brotando
então é isso, não dá
não sei lidar com vidas pacientes
com essa folha japonesa
delicada rompendo o lixo
feito um hexagrama de i-ching
me ensinando a brotar
mas não dá
é poesia demais pra mim
logo eu que não sei meditar
Estela
Rosa (lida em Oceânica )
19 abril, 2018
17 abril, 2018
16 abril, 2018
15 abril, 2018
14 abril, 2018
F e H
Frederico Mira George, Digital Painting, 2011 |
Eu pergunto se o poeta cria as coisas, pergunto se as reconhece, ou então se as ordena.
Herberto Helder, Photomaton & Vox
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13 abril, 2018
12 abril, 2018
11 abril, 2018
Susana Marques
Susana Marques |
Esta força inóspita que me corrói de dentro e extravasa pelo mundo como uma calcinação.
Herberto Helder, Photomaton & Vox
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S
10 abril, 2018
09 abril, 2018
Agnes e Adélia
Agnes Deres, Body Prints and Philosophical Drawings and Map Projections, 1969 -1978 |
TODOS FAZEM UM POEMA A CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Enquanto punha o vestido azul com margaridas amarelas
e esticava o cabelo para trás, a mulher falou alto:
é isto, eu tenho inveja de Carlos Drummond de Andrade
apesar de nossas extraordinárias semelhanças.
E decifrou o incômodo do seu existir junto com o dele.
Vamos ambos à enciclopédia, seguiu dizendo, à cata
de constituição, e paramos em "clematite, flor lilás
de ingênuo desenho que ama desabrochar nas sebes européias".
Temos terrores noturnos, diurnos desesperos
e dias seguidos onde nada acontece.
Comemos, bebemos e diante do nosso nome impresso
temos nenhum orgulho, porque esta lembrança não deixa:
uma vez, na Avenida Afonso Pena, um bêbado gritando:
"Todo o mundo aqui é um saco e tripas".
Carlos é gauche. A mim, várias vezes, disseram:
"Não sabes ler a placa? É CONTRAMÃO".
Um dia fizemos um verso tão perfeito,
que as pessoas começaram a rir. No entanto persiste,
a partir de mim, a raiva insopitada
quando citam seu nome, lhe dedicam versos,
que é uma pergunta só, nem ao menos original:
"Porque não nasci eu um simples vaga-lume?"
Só à ponta de fina faca, o quisto da minha inveja,
como aos mamões maduros se tiram os olhos podres.
Eu sou poeta? Eu sou?
Qualquer resposta verdadeira
e poderei amá-lo.
Adélia Prado, Com Licença Poética, Livros Cotovia
08 abril, 2018
Adélia Prado
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombetas, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado para mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundos reinos
- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já minha vontade de alegria
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
Adélia Prado, Com Licença Poética
desses que tocam trombetas, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado para mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundos reinos
- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já minha vontade de alegria
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
Adélia Prado, Com Licença Poética
Ingeborg Bachmann
eu perco meus gritos
como uma pessoa perde
seu dinheiro, suas moedas,
seu coração, meus gritos mais
altos eu perco em
roma, em todo lugar, em
berlim, pelas ruas eu
efetivamente perco
meus gritos, até que
meu cérebro se cobre
de névoa vermelha, eu perco tudo,
a única coisa que eu
não perco é esse pavor
de saber que uma pessoa
pode perder seus gritos
todos os dias
em qualquer lugar
como uma pessoa perde
seu dinheiro, suas moedas,
seu coração, meus gritos mais
altos eu perco em
roma, em todo lugar, em
berlim, pelas ruas eu
efetivamente perco
meus gritos, até que
meu cérebro se cobre
de névoa vermelha, eu perco tudo,
a única coisa que eu
não perco é esse pavor
de saber que uma pessoa
pode perder seus gritos
todos os dias
em qualquer lugar
Ingeborg Bachmann, Ich weiß keine bessere Welt, poemas póstumos (trad. adelaide ivánova in Escamandro)
21 março, 2018
20 março, 2018
19 março, 2018
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