"Um grito esfarpado encheu a cadeia.
Num sobressalto, o rapaz ergueu-se da sonolência em que jazia sôbre a tarimba e foi até às grades. Alquebrado de torpor, a princípio nada compreendeu. Viu, confusamente, os canteiros cheios de flores, as árvores e, para lá do jardim, o edifício amarelado dos Paços do Concelho.
Mas o grito ainda ecoava; morria aflito e longo. Sentiu os homens agitarem-se na cela comum do rés-do-chão e, perto, soltou-se uma voz lamentosa e resignada:
- Cala-te, Dòninha! "
Primeiras linhas de
"Cerromaior"
Manuel da Fonseca
Editorial Inquérito, 1943