Gordon Parks, The Invisible Man, Harlem, New York, 1952 |
24 maio, 2014
Junto palavras na
máquina de escrever, pela noite dentro, pensando no dia de hoje. Tão bem que
nós falávamos todos. Uma língua é um mapa dos nossos erros. Frederick Douglass
escrevia num inglês mais puro que o de Milton. As pessoas sofrem
deseperadamente na pobreza. Existem métodos,
mas não os usamos. Joana, que não sabia ler, falava uma forma camponesa
de francês. Algum do sofrimento é: é duro dizer a verdade; isto é a América;
não posso tocar-te agora. Na América temos só o tempo presente. Estou em
perigo. Estás em perigo. O queimar de um livro não desperta em mim qualquer
sensação. Sei que queimar dói. Há chamas de napalme em Catonsville, Maryland.
Sei que queimar dói. A máquina de escrever está sobreaquecida, a minha boca
queima, não te posso tocar agora e esta é a língua do opressor.
Adrienne Rich, 1968 (tradução Ana Luísa Amaral)
21 maio, 2014
18 maio, 2014
podia ter sido feliz
acordando e adormecendo
alimentando-me das pequenas algas do tanque
vendo os roedores correrem por entre os laços das árvores
acordando e adormecendo
alimentando as pequenas algas do tanque
Frederico Mira George, Caixa Negra, 2006
acordando e adormecendo
alimentando-me das pequenas algas do tanque
vendo os roedores correrem por entre os laços das árvores
acordando e adormecendo
alimentando as pequenas algas do tanque
Frederico Mira George, Caixa Negra, 2006
Bill Henson,untitled, 2005-06 |
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16 maio, 2014
“what did
my arms do before they held you?” Sylvia Plath
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Sylvia Plath
13 maio, 2014
tinha
aprendido que era muito importante criar desobjectos.
certa
tarde, envolto em tristezas, quis recusar o cinzento. não munido de nenhum
artefacto alegre, inventei um espanador de tristezas.
era de
difícil manejo – mas funcionava.
(...)
há qualquer coisa de sapiência na palavra tristeza. e algumas
tristezas não são de espanar – um dia posso descobrir que elas me fazem falta e
ter que ir buscá-las na lixeira da catin ton.
vou encher-me de silêncios e imitar as pedras. adormecer entre as
pedras pode ser que me contagie delas. depois de conseguir ser pedra vou
exercitar o sorriso dessa pedra que eu for. com esse sorriso vou iniciar uma
construção...
uma construção pode bem ser o lado avesso de uma certa tristezura.
Ondjaki, Materiais para Confecção de um Espanador de Tristezas, 2009
11 maio, 2014
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