13 novembro, 2015

Helene e Paul

A pintora Helene Schjerfbeck
























Estrias de arnês, eixos de prega,
pontos
de perfuração:
teu terreno.

Em ambos os pólos
da rosa do abismo, legível:
tua palavra proscrita.
Verdadeiro a norte. Claro a sul.

Paul Celan, Não Sabemos mesmo o Que Importa

12 novembro, 2015

Robert Motherwell

Robert Motherwell, Brushy Elegy, 1979

11 novembro, 2015

Cy e Jean

Cy Twombly


























O anjo não se preocupava muito com a minha revolta.
Eu só era o seu veículo, e ele tratava-me como veículo.


Jean Cocteau, O Livro Branco




09 novembro, 2015

Cy e Pablo

Cy Twombly, Untitled, 2001







































Amo-te sem saber como, ou quando, ou onde. Amo-te simplesmente, sem problemas ou orgulho; amo-te desta maneira porque não conheço outra forma de amar que não esta, na qual não existe eu ou tu, tão íntima que a tua mão no meu peito é a minha mão, tão íntima que quando adormeço os teus olhos fecham.

Pablo Neruda

07 novembro, 2015

Bruno Munari

Não podendo mudar os adultos, escolhi trabalhar com as crianças para que cresçam melhores (adultos). É uma estratégia revolucionária a de trabalhar sobre e com as crianças enquanto futuros homens. Temos de nos ocupar das crianças e dar-lhes a possibilidade de se formarem com uma mente mais elástica, mais livre, menos bloqueada, capaz de tomar decisões. E, direi, também um método para enfrentar a realidade, seja como desejo de compreensão como de expressão. Portanto, com este objectivo, devem ser estudados aqueles instrumentos que passam sob a forma de jogo mas que, na realidade, ajudam o homem a libertar-se.” B.M.



“Estamos a fazer uma revolução, mas atenção, digamo-lo em voz baixa, podem ouvir-nos. Uma criança criativa será um adulto, uma pessoa livre, uma pessoa perigosa…” B.M.

Beba Restelli, Giocare con il tatto, 2002 (il mio encontro con Bruno Munari)

Bruno Munari, Imagens da Realidade, 1977

06 novembro, 2015

Bernd e Hilla Becher

Bernd e Hilla Becher, Cooling Towers Wood-Steel, 1959-77


Bernd e Hilla Becher, Water Towers, 1972-95


05 novembro, 2015

Zang e Lawrence

Zang Dali, Chinese Offspring, 2003-05


















Does not everything depend on our interpretation of the silence around us?
Lawrence Durrell, Justine

02 novembro, 2015

Joan, Helen e Grace

Joan Mitchell, Hudson River Day Line, 1955

Helen Frankenthaler, Canal, 1963

Grace Hartigan, New York City Rhapsody, 1960

the three graces

Joan Mitchell, Helen Frankenthaler e Grace Hartigan, c.1960
(para C. e C.)

01 novembro, 2015

Thomas e Hannah

For last year’s words belong to last year’s language. And next year’s words await another voice.

T.S. Eliot, Four Quartets
Hannah Höch, Love, 1931

Alberto Burri

Alberto Burri, Composizione, 1953

31 outubro, 2015

injustificável alegria

Um dos textos mais comoventes que conheço é a carta de Rosa de Luxemburgo escrita a uma amiga sua quando estava na prisão de Breslavia, poucos meses antes da sua execução. Trata-se de um extraordinário hino à vida. No meio daquele horror, sentindo abater-se sobre ela toda a desolação e desconforto que podemos imaginar (ou que nem podemos imaginar), Rosa de Luxemburgo não deixa de confiar na vida. Mergulhada no escuro ela continua a sorrir. E quando se pergunta porquê, escreve isto: "não tenho razão para esta injustificável alegria, nem sei de outro segredo senão a própria vida. A profunda obscuridade da noite é bela e suave como um veludo para os que aprendem a olhá-la".

José Tolentino Mendonça, CÃO CELESTE Nº 7

Lothar Reichel, c.1970


30 outubro, 2015

Emily e Jackson

I know nothing in the world that has as much power as a word. Sometimes I write one, and I look at it, until it begins to shine. 

Emily Dickinson

Jackson Pollock, Galaxy, 1947

26 outubro, 2015

Lydia Gifford

Lydia Gifford, Drum, 2013


Lydia Gifford, Bearing, 2015

25 outubro, 2015

Ingeborg Bachmann

Por onde quer que nos voltemos na tempestade de rosas,
a noite ilumina-se de espinhos, e o trovão
da folhagem, antes tão leve nos arbustos,
segue-nos agora de perto.

Onde quer que se apague o incêndio das rosas,
a chuva inunda-nos o rio. Oh noite tão distante!
Mas uma folha que nos encontrou é levada pelas ondas
e segue-nos até à foz.


Ingeborg Bachmann, O Tempo Aprazado