18 janeiro, 2017

Objectos do Céu Profundo 13
























CT, Objectos do Céu Profundo, 2016

Anise Kolz

Os meus poemas são-me estranhos
como pinturas rupestres

Ignoro a sua origem e idade
por vezes reconheço um  pormenor
um animal familiar


Anise Kolz, Cantos de Recusa

17 janeiro, 2017

Anise Kolz

Os poemas
que ainda não foram escritos
pesam sobre mim
como a sombra acumulada
de um verão


Anise Kolz, Cantos de Recusa

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14 janeiro, 2017

Matisse, recortes

Lydia Delectorskaya, Henri Matisse, 1952

13 janeiro, 2017

o céu claro

Alexander Calder, Snow Flurry I, 1948




























Avança cada instante inteiro e antigo
vejo-me visto leio-me lido
tudo está feito.
(E se perdemos a memória do encontro
como diremos da manhã
o céu claro?)

João Miguel Fernandes Jorge, Sobre o Mar e a Casa

11 janeiro, 2017

novíssima poesia brasileira

a Torre Eiffel é que é de ferro
eu sou de titânio e osso


Danielle Magalhães

Saul Leiter

Saul Leiter, Remy,c.1950
(parabéns, t.)

10 janeiro, 2017

David Hockney 2013

David Hockney, John Baldessari, 2013

09 janeiro, 2017

David Hockney 2016

David Hockney, Edith Devaney, 2016

08 janeiro, 2017

Eva e Rita

Eva Hesse, s/ título, 1966







































queria mesmo que o poema tivesse uma qualidade profética,
                     que inaugurasse um universo paralelo
           mas o poema é bidimensional; ele tem a velocidade
          de gotas descendo espáduas octagenárias, incorrendo
               em cada vinco, hesitando nos profundos sulcos,

                            
                                           ensaiando um desvio
                                       a cada acidente epidérmico
                                             causado pelos anos.


Rita Isadora Pessoa


07 janeiro, 2017

Aleksandr Rodchenko, Hanging Construction, 1920













































(...) Vi perfeitamente a progressão 
Do desenho, e como ele se detinha na contemplação de cada
Anjo.

Maria Gabriela Llansol, O Começo de Um Livro é Precioso


06 janeiro, 2017

_____________Estas árvores balouçam na sua hesitação
Mas prosseguem. Os ramos mais altos precipitam-se,
Abrem no ar pousadas. Os mais baixos ocupam. Sol não 
Falta. Há apenas a curva do caminho com incidências
Drásticas na sua respiração. Sim, há ainda as concorrentes,
As sementes ininterruptas, e o incompreensível desprezo
Dos Humanos. Parasceve não diz. Se o cortarem, não
Reagirá________«Porque não entendeis a leveza de prosseguir


Maria Gabriela Llansol, "O Começo de um Livro é Precioso"

04 janeiro, 2017

por tudo o que tomba

CT, Objectos do Céu Profundo, 2017

por tudo o que tomba


por tudo o que tomba
sem se reerguer sem
sequer lembrar da queda
        pela sombra
que nunca é proporcional
   à luz         
                 pela sombra
que não é proporcional
de maneira alguma
                      à luz


Rita Isadora Pessoa


(novíssima, belíssima poesia brasileira)



02 janeiro, 2017

o poema

o poema ele não se curva
                            ele é tão domesticável quanto uma onça

                                     fumando charutos cubanos.


Rita Isadora Pessoa

01 janeiro, 2017

26 dezembro, 2016

eis que as Chuvas...

Um homem atacado de tamanha solidão, que ele vá e que suspenda nos santuários a máscara e o bastão de comando!
Quanto a mim, levava a esponja e o fel às feridas de uma velha árvore carregada com as correntes da terra.
"Tinha, eu tinha o gosto de viver longe dos homens, e eis que as Chuvas..."

Saint-John Perse, Habitarei O Meu Nome, trad.João Moita

sem relíquias

     Os homens tinham então
    uma boca mais grave, as mulheres tinham braços mais lentos;
    então, alimentando-se como nós de raízes, grandes animais
taciturnos enobreciam-se;
   e mais longas sobre mais sombra se erguiam as pálpebras...
  (Tive este sonho, ele consumiu-nos sem relíquias.) 

Saint-John Perse, Habitarei O Meu Nome, trad.João Moita