20 novembro, 2018
Ferreira Gullar
Onde começo, onde acabo,
se o que está fora está dentro
como num círculo cuja
periferia é o centro?
Estou disperso nas coisas,
nas pessoas, nas gavetas:
de repente encontro ali
partes de mim: risos, vértebras.
Estou desfeito nas nuvens:
vejo do alto a cidade
e em cada esquina um menino,
que sou eu mesmo, a chamar-me.
Extraviei-me no tempo.
Onde estarão meus pedaços?
Muito se foi com os amigos
que já não ouvem nem falam.
Estou disperso nos vivos,
em seu corpo, em seu olfato,
onde durmo feito aroma
ou voz que também não fala.
Ah, ser somente o presente:
esta manhã, esta sala.
Ferreira Gullar, Antologia Poética
16 novembro, 2018
Danielle Magalhães
(...)
o céu se lança
em queda livre
escuta este salto
é o maior salto
que uma queda poderia manter
como um voo
(...)
Danielle Magalhães, Quando o Céu Cair, Ed. 7Letras
o céu se lança
em queda livre
escuta este salto
é o maior salto
que uma queda poderia manter
como um voo
(...)
Danielle Magalhães, Quando o Céu Cair, Ed. 7Letras
Frederico Mira George, 2015 |
Etiquetas:
Danielle Magalhães,
Elas,
Frederico Mira George,
poesia
14 novembro, 2018
Herberto Helder
Nome do mundo, diadema.
Herberto Helder, Flash, 1980
Herberto Helder, Flash, 1980
Cristina Tavares, Molde de gesso para as mãos de O Desterrado, de Soares dos Reis, 2018 |
Etiquetas:
Cristina Tavares,
Herberto Helder,
poesia,
poesia portuguesa
Hans Magnus Enzensberger
Cristina Tavares, Desejo Intermédio, julho 2018 |
[…]
A origem daquela máquina
é problemática.
Um computador analógico.
Um menir. Um astrário.
Trionfi del tempo. Restos.
Sem finalidade e plena de sentido
como um poema de latão.
A origem daquela máquina
é problemática.
Um computador analógico.
Um menir. Um astrário.
Trionfi del tempo. Restos.
Sem finalidade e plena de sentido
como um poema de latão.
Nenhum Guggenheim mandava
cheques a Francesco Petrarca
no primeiro dia do mês.
De' Dondi não tinha contrato
com o Pentágono.
cheques a Francesco Petrarca
no primeiro dia do mês.
De' Dondi não tinha contrato
com o Pentágono.
Outros predadores. Outras
palavras e rodas. Mas
o mesmo céu.
Nós continuamos a viver
nessa Idade Média.
palavras e rodas. Mas
o mesmo céu.
Nós continuamos a viver
nessa Idade Média.
Hans Magnus Enzensberger, Mausoléu, tradução de João Barrento
11 novembro, 2018
07 novembro, 2018
06 novembro, 2018
05 novembro, 2018
Francis Ponge
O fogo classifica: primeiro, todas as chamas se dirigem num certo sentido...
(Não se pode comparar o andar do fogo senão ao dos animais: é preciso que ele deixe um lugar para vir a ocupar um outro; anda ao mesmo tempo como uma amiba e como uma girafa, sacode o pescoço, rasteja de pé)...
Depois, enquanto as massas metodicamente contaminadas desabam, os gases que se libertam vão sendo transformados numa única rampa de borboletas.
Francis Ponge, Alguns Poemas (selecção, introdução e tradução de Manuel Gusmão)
02 novembro, 2018
31 outubro, 2018
Bénédicte Houart
28 outubro, 2018
25 outubro, 2018
24 outubro, 2018
Fátima Maldonado
No fim são quatro pérolas
numa taça de vidro.
Fátima Maldonado, Cadeias de Transmissão
Minor White, Chinatown, San Francisco, 1950 |
Etiquetas:
Fátima Maldonado,
M,
poesia,
poesia portuguesa
21 outubro, 2018
20 outubro, 2018
14 outubro, 2018
11 outubro, 2018
09 outubro, 2018
08 outubro, 2018
07 outubro, 2018
Assinar:
Postagens (Atom)