26 junho, 2014

Marlene Dumas, The Next Generation, 1994-5


























Contra o muro

O primeiro gesto é o pior.
Desenhar uma linha divide o papel em dois.
Desenhar mapas e fronteiras faz dos vizinhos estrangeiros.
Nas culturas bélicas todas as gerações de crianças foram educadas
a pensar exclusivamente em imagens-inimigo.

A arte é uma forma de dormir com o inimigo.

Tenho imenso respeito pelos jornalistas que arriscam
as suas vidas para nos mostrarem aquilo que está a acontecer aqui e agora. Não estou a tentar
melhorar o seu trabalho. Não sou uma repórter local. Sou uma artista de estúdio.
Viajo através da minha imaginação, ou assim deveria fazer - vivo na minha imaginação.

Não quero que destruam Israel.
Quero que se acabe com a ocupação da Palestina.
Quero que acabemos a Segunda Guerra Mundial,
Para que possamos acabar a Terceira Guerra Mundial.
Mas isso não pode ser pintado. Só os muros podem ser pintados.

Nunca encarei a pintura como uma janela ou como um espelho do mundo.
Talvez a veja mais como uma porta com o aviso Não Entrar
ou uma carta com a informação "Devolver ao remetente - Desconhecido neste paradeiro".
Ou uma fronteira.


Marlene Dumas

(Sister) Corita Kent

serigrafias dos anos 60

25 junho, 2014

Hannah Hoch, Da Dandy, 1919


Hannah Hoch, 1925












































Hannah Hoch, Indian Dancer, 1930

Caderno de endereços de Hannah Hoch

Hannah Hoch no seu estúdio, 1976


24 junho, 2014

I
Estamos mesmo no princípio, percebes? Como que antes de tudo.
Com mil e um sonhos para trás de nós e parados.

II
Não consigo imaginar um saber mais sagrado do que este:
O homem deve tornar-se um principiante.
O que escreve a primeira palavra de uma tirada secular.

Rainer Maria Rilke, Notas Sobre A Melodia das Coisas

23 junho, 2014

Hannah Hoch, 1919

22 junho, 2014

para a construção do poema 15


Antoine Watteau
Pierrot, c.1718
 

Antoine Watteau
The Italian Comedians,c1720

21 junho, 2014

home 87

Amores Perfeitos (Cibele)

18 junho, 2014

Izis Bidermanas, Lagny, 1959

17 junho, 2014

Lisbeth Zwerger, Alice no País das Maravilhas, 1999

16 junho, 2014

Joseph Beuys
I Like America and America Loves Me
1979

15 junho, 2014

Agnes Martin
We all have the same inner life. The difference lies in the recognition. The artist has to recognize what it is.


Agnes Martin

Agnes Martin


























If you live by perception, as all artists must, then you sometimes have to wait a long time for your mind to tell you the next step to take. … When you’re with other people, your mind isn’t your own.

First, I have the experience of happiness and innocence. Then, if I can keep from being distracted, I will have an image to paint.

The artist lives by perception. So that what we make is what we feel. The making of something is not just construction. It’s all about feeling… everything, everything is about feeling…. feeling and recognition!


Agnes Martin

The Artists Observed: 28 Interviews with Contemporany Artists, John Gruen

14 junho, 2014

Helen Frankenthaler

Helen Frankenthaler, Coalition, 1968

Helen Frankenthaler, Basque Beach, 1958

13 junho, 2014

(hoje é para ti, Angela.)

Sabe, se quer que lhe diga, do que eu me lembro bem, e para mim o que é importante, são os sítios onde escrevi, as situações em que escrevi. Há um poema que diz: «Quando à noite desfolho e trinco as rosas». Isto é absolutamente verdade: eu ia para o jardim da minha avó colher rosas, a minha avó já tinha morrido e era um jardim semi-abandonado, colhia camélias no Inverno e rosas na Primavera. Trazia imensas rosas para casa, havia sempre uma grande jarra cheia delas em frente da janela, no meu quarto. E depois eu desfolhava e comia as rosas, mastigava-as... No fundo era a tentativa de captar qualquer coisa a que só posso chamar a alegria do universo, qualquer coisa que floresce.


Entrevista de Sophia de Mello Breyner Andresen a José Carlos de Vasconcelos 

12 junho, 2014

NO POEMA

Transferir o quadro o muro a brisa
A flor o copo o brilho da madeira
E a fria e virgem limpidez da água
Para o mundo do poema limpo e rigoroso;

Preservar de decadência morte e ruína
O instante real de aparição e da surpresa
Guardar num mundo claro
O gesto claro da mão tocando a mesa.


Sophia de Mello Breyner Andresen, Livro Sexto