Frederico Mira George, Woody in the Sky with Mum, 2016 |
12 novembro, 2016
10 novembro, 2016
Saul e Sophia
Saul Leiter, Boy, 1960 |
As coisas deixam-me passar
Abrem alas de vazio para que eu passe
Como é estranho viver sem alimento
Sem que nada em nós precise ou gaste
Como é estranho não saber.
Sophia de Mello Breyner Andersen, Antologia
03 novembro, 2016
28 outubro, 2016
o mundo inteiro depende dos teus olhos
A curva dos teus olhos dá a volta ao meu peito
É uma dança de roda e de doçura.
Berço nocturno e auréola do tempo,
Se já não sei tudo o que vivi
É que os teus olhos não me viram sempre.
Folhas do dia e musgos do orvalho,
Hastes de brisas, sorrisos de perfume,
Asas de luz cobrindo o mundo inteiro,
Barcos de céu e barcos do mar,
Caçadores dos sons e nascentes das cores.
Perfume esparso de um manancial de auroras
Abandonado sobre a palha dos astros,
Como o dia depende da inocência
O mundo inteiro depende dos teus olhos
E todo o meu sangue corre no teu olhar.
Paul Eluard, Algumas das Palavras (trad. António Ramos Rosa )
George Hendrik Breitner, Girl in a Red Kimono, c.1893-95 |
26 outubro, 2016
25 outubro, 2016
24 outubro, 2016
23 outubro, 2016
Helder Moura Pereira
Não sei o que querias
mais, as mulheres
de azul, os pajens
loiros. Não feches
os olhos, inclina
a cabeça, o que sonhaste
está aqui. As mulheres
loiras, os pajens
de azul.
Helder Moura Pereira, O Amor Desta Morte
mais, as mulheres
de azul, os pajens
loiros. Não feches
os olhos, inclina
a cabeça, o que sonhaste
está aqui. As mulheres
loiras, os pajens
de azul.
Helder Moura Pereira, O Amor Desta Morte
Etiquetas:
Helder Moura Pereira,
poesia,
poesia portuguesa
22 outubro, 2016
20 outubro, 2016
17 outubro, 2016
16 outubro, 2016
14 outubro, 2016
Uma Faca só Lâmina
José Sá, Maputo, outubro 2016 |
Uma Faca só Lâmina
Assim como uma bala
enterrada no corpo,
fazendo mais espesso
um dos lados do morto;
assim como uma bala
do chumbo mais pesado,
no músculo de um homem
pesando-o mais de um lado;
qual bala que tivesse um
vivo mecanismo,
bala que possuísse
um coração ativo
igual ao de um relógio
submerso em algum corpo,
ao de um relógio vivo
e também revoltoso,
relógio que tivesse
o gume de uma faca
e toda a impiedade
de lâmina azulada;
assim como uma faca
que sem bolso ou bainha
se transformasse em parte
de vossa anatomia;
qual uma faca íntima
ou faca de uso interno,
habitando num corpo
como o próprio esqueleto
de um homem que o tivesse,
e sempre, doloroso
de homem que se ferisse
contra seus próprios ossos.
João Cabral de Melo Neto
Assim como uma bala
enterrada no corpo,
fazendo mais espesso
um dos lados do morto;
assim como uma bala
do chumbo mais pesado,
no músculo de um homem
pesando-o mais de um lado;
qual bala que tivesse um
vivo mecanismo,
bala que possuísse
um coração ativo
igual ao de um relógio
submerso em algum corpo,
ao de um relógio vivo
e também revoltoso,
relógio que tivesse
o gume de uma faca
e toda a impiedade
de lâmina azulada;
assim como uma faca
que sem bolso ou bainha
se transformasse em parte
de vossa anatomia;
qual uma faca íntima
ou faca de uso interno,
habitando num corpo
como o próprio esqueleto
de um homem que o tivesse,
e sempre, doloroso
de homem que se ferisse
contra seus próprios ossos.
João Cabral de Melo Neto
Etiquetas:
J,
João Cabral de Melo Neto,
José Pinto de Sá,
oxigénio,
poesia
13 outubro, 2016
12 outubro, 2016
11 outubro, 2016
10 outubro, 2016
Assinar:
Postagens (Atom)