Jean-François Bauret, Maria Helena Vieira da Silva, 1959 |
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29 setembro, 2018
28 setembro, 2018
25 setembro, 2018
27 agosto, 2018
18 agosto, 2018
Bridget Riley
23 julho, 2018
02 julho, 2018
05 maio, 2018
FAGULHA
Ana Cristina Cesar |
Abri curiosa
o céu.
Assim, afastando de leve as cortinas.
Eu queria entrar,
coração ante coração,
inteiriça
ou pelo menos mover-me um pouco,
com aquela parcimônia que caracterizava
as agitações me chamando
coração ante coração,
inteiriça
ou pelo menos mover-me um pouco,
com aquela parcimônia que caracterizava
as agitações me chamando
Eu queria até mesmo
saber ver,
e num movimento redondo
como as ondas
que me circundavam, invisíveis,
abraçar com as retinas
cada pedacinho de matéria viva.
saber ver,
e num movimento redondo
como as ondas
que me circundavam, invisíveis,
abraçar com as retinas
cada pedacinho de matéria viva.
Eu queria
(só)
perceber o invislumbrável
no levíssimo que sobrevoava.
(só)
perceber o invislumbrável
no levíssimo que sobrevoava.
Eu queria
apanhar uma braçada
do infinito em luz que a mim se misturava.
apanhar uma braçada
do infinito em luz que a mim se misturava.
Eu queria
captar o impercebido
nos momentos mínimos do espaço
nu e cheio
captar o impercebido
nos momentos mínimos do espaço
nu e cheio
Eu queria
ao menos manter descerradas as cortinas
na impossibilidade de tangê-las
ao menos manter descerradas as cortinas
na impossibilidade de tangê-las
Eu não sabia
que virar pelo avesso
era uma experiência mortal.
que virar pelo avesso
era uma experiência mortal.
Ana Cristina Cesar, A Teus Pés, 1982
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19 março, 2018
29 janeiro, 2018
Ursula K. Le Guin
There’s something
the size of a split pea
that I haven’t written.
that I haven’t written right.
I can’t sleep.
the size of a split pea
that I haven’t written.
that I haven’t written right.
I can’t sleep.
She gets up
and writes it.
Her work
is never done.
and writes it.
Her work
is never done.
Ursula K. Le Guin,The Writer on, and at, Her Work
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Ursula K. Le Guin
11 dezembro, 2017
10 dezembro, 2017
Gunta Stölzl
09 novembro, 2017
25 outubro, 2017
14 outubro, 2017
09 outubro, 2017
Hans Magnus Enzensberger
PARA UM LIVRO DE LEITURAS ESCOLARES
não leias odes, meu filho, lê antes horários:
são mais exactos. desenrola as cartas marítimas
antes que seja tarde, toma cuidado, não cantes.
o dia vem vindo em que hão-de outra vez pregar as listas
nas portas e marcar a fogo o peito dos que digam
não. aprende a passar despercebido, aprende mais do que eu:
a mudar de bairro, de bilhete de identidade, de cara.
treina-te nas pequenas traições, na mesquinha
fuga quotidiana. úteis as encíclicas
mas para acender o lume, e os manifestos
são bons para embrulhar a manteiga e o sal
dos indefesos. a cólera e a paciência são precisas
para assoprar-se nos pulmões do poder
o pó fino e mortal, moído por
aqueles que aprenderam muito
e são meticulosos, por ti.
Hans Magnus Enzensberger, em Poesia do Século XX (trad. Jorge de Sena)
não leias odes, meu filho, lê antes horários:
são mais exactos. desenrola as cartas marítimas
antes que seja tarde, toma cuidado, não cantes.
o dia vem vindo em que hão-de outra vez pregar as listas
nas portas e marcar a fogo o peito dos que digam
não. aprende a passar despercebido, aprende mais do que eu:
a mudar de bairro, de bilhete de identidade, de cara.
treina-te nas pequenas traições, na mesquinha
fuga quotidiana. úteis as encíclicas
mas para acender o lume, e os manifestos
são bons para embrulhar a manteiga e o sal
dos indefesos. a cólera e a paciência são precisas
para assoprar-se nos pulmões do poder
o pó fino e mortal, moído por
aqueles que aprenderam muito
e são meticulosos, por ti.
Hans Magnus Enzensberger, em Poesia do Século XX (trad. Jorge de Sena)
Andreas Bro, Hans Magnus Enzensberger |
24 julho, 2017
12 julho, 2017
Giánnis Ritsos
As palavras têm outra casca
lá mais para dentro
como as amêndoas
e a paciência.
Giánnis Ritsos, em Poesia-Mais-Que-Perfeita (trad. Alda Leal)
06 fevereiro, 2017
Marianne Moore (e E.K.)
Para Uma Ave de Presa
Convéns-me, pois nem sequer te tomo a sério,
e não ficas cega pela palha que rodopia
ao ser trazida de uma meda pelos ventos.
Sabes pensar e o que pensas dizes
com muito orgulho e fria firmeza
de Sansão, e ninguém ousa deter-te.
O orgulho assenta-te bem, tão empertigada, ave colossal.
Nenhuma capoeira te faz parecer absurda;
as tuas garras atrevidas são fortes, contra a derrota.
Poemas de Marianne Moore e Elisabeth Bishop (trad. Mª de Lourdes Guimarães)
Convéns-me, pois nem sequer te tomo a sério,
e não ficas cega pela palha que rodopia
ao ser trazida de uma meda pelos ventos.
Sabes pensar e o que pensas dizes
com muito orgulho e fria firmeza
de Sansão, e ninguém ousa deter-te.
O orgulho assenta-te bem, tão empertigada, ave colossal.
Nenhuma capoeira te faz parecer absurda;
as tuas garras atrevidas são fortes, contra a derrota.
Poemas de Marianne Moore e Elisabeth Bishop (trad. Mª de Lourdes Guimarães)
Ellsworth Kelly |
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03 fevereiro, 2017
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