Tolice? Não, não é
Às
vezes passo um dia inteiro a tentar contar as folhas de uma única árvore. Para
o fazer tenho de trepar ramo após ramo e de tomar nota dos números num pequeno
caderno. Pelo que, do ponto de vista deles, suponho que seja razoável que os
meus amigos digam: que tolice! Lá está ela de novo com a cabeça nas nuvens.
Mas
não é assim. Claro que há um momento em que tenho de desistir, mas nessa altura
já eu estou meio enlouquecida com tal milagre - a abundância das folhas, a
quietude dos ramos, o fracasso dos meus intentos. É quando dou por mim a rugir
às gargalhadas, cheia de glória terrestre, neste lugar importante e delicioso.
Mary
Oliver (em http://arspoetica-lp.blogspot.pt)