O poeta Bashô ensina que os famosos feitos
dos líderes militares ensanguentados dão em nada
enquanto o pulo de uma rã pode durar séculos.
Nuvens negras e chuva chegam desde o Atlântico.
O sol paira mas agora, sobre Saint-Nazaire
grãos de gelo caem do céu como arroz escuro.
Os poetas são criaturas quase sempre sem conteúdo,
homens que dizem coisas tontas e inverosímeis,
loucos e faladores que imaginam o que lhes apraz.
E no entanto, no entanto, sussurram acerca de milagres,
discorrem sobre o que os outros nem sequer suspeitam,
de modo que suas palavras ardem na escuridão, fosforescendo.
O poeta japonês Bashô ensina-me
que o que está perto pode ser assustadoramente distante e que uma jornada
para um lugar longínquo traz-nos para mais próximo de nós próprios.
Sobre o Atlântico, o céu escureceu,
o granizo caiu ainda há momentos, e agora a cidade brilha
nos raios de sol sob o céu claro.
Milan Djordjevic