24 dezembro, 2015
Paula e Mary
23 dezembro, 2015
Sylvia e Frida
Frida Kahlo, Autoretrato, 1948 |
Os cisnes desapareceram. Mas o rio
Ainda se lembra como eles eram brancos.
Corre atrás deles com as suas luzes.
Encontra as suas formas numa nuvem.
Que pássaro é aquele que grita
Com tal dor na voz?
Continuo jovem como sempre. O que estarei eu a perder?
Ainda se lembra como eles eram brancos.
Corre atrás deles com as suas luzes.
Encontra as suas formas numa nuvem.
Que pássaro é aquele que grita
Com tal dor na voz?
Continuo jovem como sempre. O que estarei eu a perder?
Sylvia Plath,
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Sylvia Plath
22 dezembro, 2015
Robert Frank
Octavio Paz
A
hora é transparente:
se o pássaro é invisível, vemos
a cor de seu canto.
se o pássaro é invisível, vemos
a cor de seu canto.
21 dezembro, 2015
20 dezembro, 2015
Olafur e eu
Olafur Elliasson, Your Glacial Expectations, 2012 |
por entre o pinhal
sem tocar em nada.
Como pode uma vida
ser tão cautelosa?
Cristina Tavares, Lago, 1997
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19 dezembro, 2015
18 dezembro, 2015
16 dezembro, 2015
15 dezembro, 2015
para F.
Não acredito no tempo, confesso. Depois
de usar o meu tapete mágico, gosto de o dobrar e deixar sobrepostos diferentes
desenhos. Que importa se o visitante tropeça! O mais alto prazer da ausência de
tempo - uma paisagem escolhida ao acaso - é quando estou entre borboletas raras
e plantas que lhes servem de alimento. É o meu êxtase, e atrás desse êxtase
qualquer outra coisa há, difícil de explicar. É como um vácuo momentâneo para
onde converge o que eu amo. Sensação de unidade com sol e pedras.
Vladimir Nabokov, Fala, Memória
14 dezembro, 2015
Saul e Frederico, outra vez
Saul Leiter, Red Umbrella, c.1958 |
As premonições existem em directa
consequência
do uso imperfeito de cordas
no
coração. Turvados os contornos à retina,
cordas-vocábulo
em falso,
cordas-espasmo
por cada ofensa,
ei-las,
as veias d’aparição.
Frederico Mira George, O Veneno Solitário
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S
13 dezembro, 2015
Saul e Frederico
Saul Leiter, Walk with Soames, 1958 |
perdura
a clarivisão desse itinerário. «Vou
sentado
detrás a ti. Sem murmúrio, sem vulto.
Estanque
como um relógio prescrito, reconhecendo
nas
palpitações microscópicas dos teus dedos,
uma
febre súbita de ceder
e
uma última hesitação aplanada no estrado do cais.»
Frederico Mira George, O Veneno Solitário
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S
12 dezembro, 2015
Albert Camus
Cada artista mantém, assim, no fundo de si mesmo, uma fonte única
que alimenta durante a sua vida o que ele é e o que diz. Quando a fonte secou,
vê-se pouco a pouco a obra endurecer, fender-se. São as terras ingratas da arte
que a corrente invisível já não irriga. Com o cabelo raro e seco, o artista,
protegido com palha, está maduro para o silêncio, ou para os salões, que vêm a dar
ao mesmo. Por mim, sei que a minha fonte está em O Avesso e o Direito, nesse mundo de pobreza e de luz em que vivi
por muito tempo e cuja recordação me preserva ainda dos dois perigos contrários
que ameaçam todos os artistas: o ressentimento e a satisfação.
André
Camus, O Avesso e o Direito (prefácio)
Alice e Albarrán Cabrera
11 dezembro, 2015
08 dezembro, 2015
Francis e Louis
Francis Bacon, Three studies of Muriel Belcher, 1966 |
Eu sou o ourives das matérias
decadentes, o engastador dos restos sem emprego, ando por aí ao rebusco do
cabelo já cortado da Primavera. Aos que peneiram o grão peço a palha, aos da
joeira o lodo desdourado. As usuais maneiras da minha linguagem são o cruel
cilício das castanhas, a fina pálpebra da fisalite. Andei à cata de caruma, das
perdidas penugens, duma data de sementes. De bolores fiz eu colheitas.
Tratam-me por tu os líquens.
Louis Aragon, Tratado do Estilo
07 dezembro, 2015
06 dezembro, 2015
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