Willi Ruge, Seconds before Landing |
15 janeiro, 2016
12 janeiro, 2016
Marina Abramovic e Michael Krüger
Marina Abramovic, The Kitchen (Homage to Saint Therese), 2009 |
Queríamos
surpreender a esperança
quando ela se descontrolasse:
no momento da revolta.
Preparámo-nos para uma grande viagem.
Resguardámo-nos
do frio e do calor.
O farnel
pesava-nos nos ombros:
História, educação,
a capacidade de suportar
o desespero, muita literatura.
Regressámos ontem.
Cansados,
como se pode imaginar,
e cheios de fome.
surpreender a esperança
quando ela se descontrolasse:
no momento da revolta.
Preparámo-nos para uma grande viagem.
Resguardámo-nos
do frio e do calor.
O farnel
pesava-nos nos ombros:
História, educação,
a capacidade de suportar
o desespero, muita literatura.
Regressámos ontem.
Cansados,
como se pode imaginar,
e cheios de fome.
As fotografias
ainda não foram reveladas.
Daremos a conhecer
os resultados.
ainda não foram reveladas.
Daremos a conhecer
os resultados.
De Costas
Para a Janela: Poesia Alemã Contemporânea I - Michael Krüger (trad. João Barrento)
Etiquetas:
Elas,
M,
Michael Krüger,
oxigénio,
poesia
10 janeiro, 2016
Joaquim e os sais de prata
A Fotografia
1 - Os seiscentos e tantos preceitos dos judeus
bastam para comprar a máquina fotográfica,
mas não podem carregar esse botão
onde o olhar escolhe como ver.
2 - Um dia havia um monte de lixo junto
das bocas de incêndio ciclame e ouro
onde os fumos soterrados de Manhattan
parecem inundar de música o inverno:
eu não tinha o vidro de amor da máquina
para interceder com a minha memória.
3 - Um cristão recolheu o lixo, fez um resto
para um pobrezinho, correu para uma reza solitária
entre algumas flores, um pequeno lago
e as nuvens com aves repousavam no sol.
Como os sais de prata nos deixam escutar.
Joaquim Manuel Magalhães, Os Dias, Pequenos Charcos
1 - Os seiscentos e tantos preceitos dos judeus
bastam para comprar a máquina fotográfica,
mas não podem carregar esse botão
onde o olhar escolhe como ver.
2 - Um dia havia um monte de lixo junto
das bocas de incêndio ciclame e ouro
onde os fumos soterrados de Manhattan
parecem inundar de música o inverno:
eu não tinha o vidro de amor da máquina
para interceder com a minha memória.
3 - Um cristão recolheu o lixo, fez um resto
para um pobrezinho, correu para uma reza solitária
entre algumas flores, um pequeno lago
e as nuvens com aves repousavam no sol.
Como os sais de prata nos deixam escutar.
Joaquim Manuel Magalhães, Os Dias, Pequenos Charcos
Etiquetas:
Joaquim Manuel Magalhães,
poesia,
poesia portuguesa
09 janeiro, 2016
Joaquim Manuel Magalhães
Aquela estrela, a sétima
a contar de ti, eras tu
de novo? A dos nomes
escritos na parede
onde rastejam quiméricos
os musgos? Nos telhados
sobre pátios nocturnos?
Joaquim Manuel Magalhães, Os Dias, Pequenos Charcos
( para t., a propósito de estrelas )
a contar de ti, eras tu
de novo? A dos nomes
escritos na parede
onde rastejam quiméricos
os musgos? Nos telhados
sobre pátios nocturnos?
Joaquim Manuel Magalhães, Os Dias, Pequenos Charcos
( para t., a propósito de estrelas )
Etiquetas:
Joaquim Manuel Magalhães,
poesia,
poesia portuguesa
08 janeiro, 2016
05 janeiro, 2016
04 janeiro, 2016
03 janeiro, 2016
inverno e verão
02 janeiro, 2016
Raul e William
Talvez eu consiga
mediante empregos
de secreta origem
Chegar à absoluta
fase da absoluta vertigem.
mediante empregos
de secreta origem
Chegar à absoluta
fase da absoluta vertigem.
Raul de Carvalho, Tampo Vazio
William Turner, Burning Ship, 1830 |
Etiquetas:
oxigénio,
poesia,
poesia portuguesa,
Raul de Carvalho,
W
01 janeiro, 2016
Car le bonheur
31 dezembro, 2015
Nell e Miguel
30 dezembro, 2015
29 dezembro, 2015
Francis Ponge
O OBJECTO É A POÉTICA
(...)
Precisamos pois de escolher objectos verdadeiros, objectos indefinidamente
aos nossos desejos. Objectos que voltemos a escolher dia após dia, e não como o
nosso cenário, a nossa moldura; antes como os nossos espectadores, os nossos
juízes; para não sermos, é certo, nem os seus dançarinos, nem os seus palhaços.
Enfim, o nosso secreto conselho.
E assim compormos o nosso templo doméstico:
Cada um de nós, enquanto somos, conhece bem, suponho, a sua Beleza.
Ela fica ao centro, jamais atingida.
Tudo em ordem à sua volta.
Ela, intacta.
Fonte do nosso pátio.
Francis Ponge, Alguns Poemas (trad. Manuel Gusmão)
Notas para uma concha
NOTAS PARA UMA CONCHA
Uma concha é uma coisa pequena, mas posso desmesurá-la recolocando-a onde a
encontrei, poisada na extensão da areia. Porque então apanharei um punhado de
areia e observarei o pouco que me fica na mão depois de quase todo esse punhado
me ter fugido pelo interstício dos dedos, observarei alguns grãos, a seguir
cada um deles, e nenhum desses grãos de areia nesse momento me continuará a
aparecer como uma coisa pequena, e em breve a concha formal, essa concha de
ostra ou essa tiara bastarda, ou esse “canivete”, impressionar-me-á como um
monumento enorme, ao mesmo tempo colossal e precioso, algo como o templo de
Angkor, Saint-Maclou, ou as Pirâmides, com uma significação muito mais estranha
que esses incontáveis produtos de homens.
Se então me vier ao espírito que essa concha, que uma onda do mar pode sem
dúvida recobrir, é habitada por um animal, se eu acrescentar um animal a essa
concha imaginando-a recolocada sob uns centímetros de água, deixo-vos a pensar
quanto crescerá, se intensificará de novo a minha impressão, e se tornará
diferente daquela que pode produzir o mais notável dos monumentos que há pouco
evocava!
(...)
Não sei porquê mas desejaria que o homem, em vez desses enormes monumentos
que apenas testemunham a desproporção gigantesca da sua imaginação e do seu
corpo (ou então dos seus ignóbeis costumes sociais, corporativos), em vez de
essas estátuas à sua escala ou ligeiramente maiores (penso no David de Miguel
Ângelo) que não são senão simples representações de si, esculpisse umas espécies
de nichos, de conchas do seu tamanho, de coisas muito diferentes da sua forma
de molusco mas contudo a ela proporcionadas ( as palhotas negras satisfazem-me
bastante deste ponto de vista), que o homem pusesse o seu cuidado em criar para
as gerações uma morada não muito mais corpulenta que o seu corpo, que todas as
suas imaginações e razões aí estivessem compreendidas, que ele usasse o seu
génio para o ajustamento e não para a desproporção, - ou, pelo menos, que o
génio reconhecesse em si os limites do corpo que o suporta.
Francis Ponge, Alguns Poemas (trad. Manuel Gusmão)
28 dezembro, 2015
Ellsworth Kelly, 1923-2015
Ellsworth Kelly, Green Curves, 1951 |
Ellsworth Kelly |
Ellsworth Kelly, Sculpture for a Large Wall, 1957 |
Ellsworth Kelly |
Ellsworth Kelly |
*
My first memory of focusing through an
aperture occurred when I was around twelve years old. One evening, passing the
lighted window of a house. I was fascinated by red, blue and black shapes
inside a room. But when I went up and looked in, I saw a red coach, a blue
drape and a black table. The shapes had disappeared. I had to retreat to see
them again.
*
Making art has first of all
to do with honesty. My first lesson was to see objectively, to erase all
‘meaning’ of the thing seen. Then only, could the real meaning of it be
understood and felt.
*
The form of my painting is
the content.
Assinar:
Postagens (Atom)