os meus dedos que
te tocaram
e ao teu calor e vigorosa
pequenez
-vês? não se parecem com os meus
dedos. Os meus pulsos mãos
que seguraram cuidadosamente o teu
suave silêncio (e o teu corpo
sorriso olhos pés mãos)
são diferentes
daquilo que eram. Os meus braços
em que tu toda descansas dobrada
tranquila, como uma
folha ou alguma flor
acabada de criar pela Primavera
ela mesma, não são os meus
braços. Não reconheço
como sendo eu próprio este que eu vejo diante
de mim ao espelho. não
acredito
ter visto estas coisas jamais;
alguém a quem amas
e que é mais magro
mais alto do que
eu entrou e ficou com
uns lábios como aqueles com que costumo falar,
uma nova pessoa está viva e
gesticula comigo
ou talvez sejas tu quem
com a minha voz
está
a brincar.
E.E. Cummings, Poems from the 1920's
Brassaï, Pigeondre, 1934 |