CT, divertissement, abril 2016
Sempre. Dormiram, acordaram, esgotaram-se. Vivem na escuridão, no vácuo. Têm mãos. Respiram sombriamente sobre as mãos.
Depois param.
Então criam a festa. As forças irrompem
do fundo; fazem vacilar o fino e o precário equilíbrio da terra. Para lá da lei
abolida, as coisas tornam-se vísiveis, com uma intensidade, uma transparência
anterior: sinais, vozes, tudo. Como se o mundo inteiro curasse uma ressaca no
corpo de cada um, e essa límpida desordem deixasse o coração escorrido.
É a festa dos homens.
É a festa dos homens.
Herberto Helder, Os Passos em Volta
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