31 agosto, 2016

Mauro Pinto


Fotografias do Bairro da Mafalala (Maputo) "onde viveram muitos dos que fizeram a independência moçambicana."  (Prémio BESPhoto 2012)


Mauro Pinto, Dá Licença, 2012


Mauro Pinto, Dá Licença, 2012







30 agosto, 2016

o bebedor nocturno

CT, exercícios com a noite, abril 2016

























Fragmento do Cairo

Quando eu a cinjo e ela me abre os braços,
sou como um homem que regressa da Arábia,
impregnado de perfumes.

Herberto Helder, O Bebedor Nocturno - poemas mudados para português

28 agosto, 2016

ink

CT, pas de deux, abril 2016

















Ink runs from the corners of my mouth.

There is no happiness like mine.

I have been eating poetry. 





Mark Strand, Selected Poems





27 agosto, 2016

Mark Strand e "pas de deux"


CT, pas de deux, abril 2016



















In the field
I am the absence
of field.
This is
always the case.
Wherever I am
I am what is missing.

When I walk
I part the air
and always
the air moves in
to fill the spaces
where my body's been.

We all have reasons
for moving.
I move
to keep things whole.

Mark Strand, Selected Poems

Anni Albers

Anni Albers, Desenho


Anni Albers, Tapeçaria


Anni Albers, Tapeçaria



Being creative is not so much the desire to do something as the listening to that which wants to be done: the dictation of the materials. 

Anni Albers


26 agosto, 2016

algumas palavras

Lucian Freud, Girl wih Fig Leaf, 1947




















Algumas palavras existem.  E vão sendo transcritas: Se eu disser que há sol nos meus pensamentos, ninguém compreenderá que os meus pensamentos estão tristes.
Fiama Hasse Pais Brandão, Em Cada Pedra Um Voo Imóvel


25 agosto, 2016

que som foi este?

Alexander Rodchenko, Points, Composition nº119, 1920






































Que som foi este?
Afasto-me para o quarto que estremece.

Que som foi este que veio no escuro?
Que labirinto de luz é este em que nos deixa?
Que atitude é esta que tomamos
Para nos afastarmos e depois voltarmos?
Que foi que ouvimos?

Foi a respiração suspensa de quando nos encontrámos.

Ouve. Está aqui.


Harold Pinter, Várias Vozes



24 agosto, 2016

a tua voz

Shirin Neshat, Identified, 1996































7. CONTRA OS RECITAIS
Se leio os meus poemas em público

despojo a poesia do seu único sentido:

dotar as minhas palavras da tua voz

por um instante que seja





José Emilio Pacheco (trad. António Cabrita)


23 agosto, 2016

tudo se ilumina

Francesco del Cossa, Santa Lucia (detalhe), 1472-73










A realidade é um repto. A poesia é um rapto. De uma para a outra queimam-se os dedos, e como é de fogo que aqui se trata, tudo se ilumina.


Herberto Helder, Photomaton & Vox



21 agosto, 2016

céu e mar

Emil Nolde, Céu e Mar, 1930


20 agosto, 2016

holding the universe

Cabeça escavada numa concha, figura fenícia,700-650 a.c.



















She wasn't doing a thing that I could see, except standing there, leaning on the balcony railing, holding the universe together. 

J.D.Salinger

Emmet e Herberto

Emmet Gowin, Off Road Traffic Patern
along the Northwest Shore of the Great Salt Lake, Utah
, 1988



















O dia abre a cauda de água, o copo
vibra com tanta força,
as unhas fulguram sobre a toalha.
Cada palavra pensa cada coisa.
Entre imagens de ouro e vento, a constelação arterial dos objectos
do mundo alarga os braços furiosamente
de abismo a abismo.
A mão convulsa manobra a vida máxima.
E então sou devorado pelos nomes
selvagens.


Herberto Helder, Última Ciência

19 agosto, 2016

Harry Callahan

Harry Callahan, Eleanor and Barbara, Chicago, 1953


















18 agosto, 2016

o poeta

CT, o poeta, 2015



para entender que o que busco terá como alvo a alegria.

Federico Garcia Lorca

(80 anos após o seu assassinato)

17 agosto, 2016

Limos

Ana Tecedeiro, Limos (pormenor), 2013
Ana Tecedeiro, Limos, 2013


The tree which moves some to tears of joy is in the eyes of others only a green thing which stands in the way… As a man is, so he sees.



William Blake




13 agosto, 2016

ximari xiyomu dzì

CT, ximari xiyomu dzì (a agulha penetrou-o no corpo), Maputo, 2016





Vivian e Mary

Vivian Maier, Autoretrato

























Who made the world?
Who made the swan, and the black bear?
Who made the grasshopper?
This grasshopper, I mean -
the one who has flung herself out of the grass,
the one who is eating sugar out of my hand,
who is moving her jaws back and forth instead of up and down -
who is gazing around with her enormous and complicated eyes.
Now she lifts her pale forearms and thoroughly washes her face.
Now se snaps her wings open, and floats away.
I don't known exactly what a prayer is.
I do know how to pay attention, how to fall down
into the grass, how to kneel down in the grass,
how to be idle and blessed, how to stroll through the fields,
witch is what I have been doing all day.
Tell me, what else should I have done?
Doesn't everything die at last, and to soon?
Tell me, what is it your plan to do
with your one wild and precious life?


Mary Oliver, New and Selected Poems, vol.1 (Beacon Press)

12 agosto, 2016

ver Rangel 3

CT, ver Rangel, Maputo, 2016


10 agosto, 2016

ver Rangel 2

CT, ver Rangel, Maputo, 2016


oferenda da manhã

UMA CEREJEIRA FLORIU
Esperaste-me
como um precipício espera a catarata
como, de mãos placidamente entrelaçadas,
o escravo espera a lâmina
que o sacerdote de Montezuma
lhe plantará no peito,
como uma floresta espera pela tempestade
que lhe convulsionará as árvores,
como uma planície a inundação,
como os sarmentos ressequidos a labareda,
como a primavera a primeira andorinha
que sulcará negra os seus vales esmeralda,
como uma janela
espera a rubra eclosão do gerânio.
Estavas só,
a tua boca escaldava.
Quando te apertei nos meus braços
uma cerejeira floriu.

Mihai Beniuc (trad. António Cabrita)