Matisse a pintar, fotógrafo desconhecido, c.1919 |
21 junho, 2017
20 junho, 2017
19 junho, 2017
18 junho, 2017
Michaux e Remarque
17 junho, 2017
Rita e Henri
Hei de inventar outro nome
para isso que morre
na virada do dia e renasce
bicho difuso, ainda sem
penugem, sem consciência
da metamorfose que guarda
em si.
Rita Isadora Pessoa
Matisse, Roses |
Etiquetas:
Elas,
H,
oxigénio,
poesia,
Rita Isadora Pessoa
16 junho, 2017
15 junho, 2017
Noémia de Sousa
Noite morna de Moçambique
e sons longínquos de marimba chegam até mim
- certos e constantes -
vindos nem eu sei de onde.
Em minha casa de madeira e zinco,
abro o rádio e deixo-me embalar...
Mas vozes da América remexem-me a alma e os nervos.
E Robeson e Maria cantam para mim
spituals negros de Harlém.
“Let my people go”
- oh deixa passar o meu povo,
deixa passar o meu povo -,
dizem.
(...)
Um só ínfimo grão d'areia
e sons longínquos de marimba chegam até mim
- certos e constantes -
vindos nem eu sei de onde.
Em minha casa de madeira e zinco,
abro o rádio e deixo-me embalar...
Mas vozes da América remexem-me a alma e os nervos.
E Robeson e Maria cantam para mim
spituals negros de Harlém.
“Let my people go”
- oh deixa passar o meu povo,
deixa passar o meu povo -,
dizem.
(...)
~~
Um só ínfimo grão d'areia
nunca imaginei
pesar tanto.
Noémia de Sousa, Sangue Negro
13 junho, 2017
11 junho, 2017
Zbigniew Herbert
Vivo em várias épocas como um insecto no âmbar, imóvel e por isso fora do tempo, porque os meus membros não se mexem nem projectam nenhuma sombra na parede, submerso numa cave como no âmbar imóvel e por isso inexistente.
Vivo em várias épocas, imóvel mas provido de todos os movimentos, porque habito no espaço e pertenço-lhe e tudo o que é espaço concede-me o seu toque, uma forma transitória.
Vivo em várias épocas, inexistente, dolorosamente imóvel e dolorosamente móvel e na verdade desconheço o que me é dado e o que me é retirado para sempre.
Zbigniew Herbert, Escolhido pelas Estrelas (trad. Jorge de Sousa Braga)
05 junho, 2017
03 junho, 2017
Zbigniew Herbert
Ardente e lívido
Santo Inácio
passou por um jardim de rosas
e atirou-se
para cima delas
ficando todo ferido
com a campainha do seu hábito negro
queria extinguir
a beleza do mundo
que brota da terra como duma ferida
e enquanto jazia
no leito de espinhos
viu
que o sangue que lhe escorria da testa
coagulava nas suas pestanas
na forma de uma rosa
e a mão cega
que procurava os espinhos
cedia
ao doce contacto das pétalas
defraudado o santo
chorava da troça das rosas
espinhos e rosas
rosas e espinhos
todos procuramos a felicidade
Zbigniew Herbert, Escolhido pelas Estrelas (trad. Jorge de Sousa Braga)
Santo Inácio
passou por um jardim de rosas
e atirou-se
para cima delas
ficando todo ferido
com a campainha do seu hábito negro
queria extinguir
a beleza do mundo
que brota da terra como duma ferida
e enquanto jazia
no leito de espinhos
viu
que o sangue que lhe escorria da testa
coagulava nas suas pestanas
na forma de uma rosa
e a mão cega
que procurava os espinhos
cedia
ao doce contacto das pétalas
defraudado o santo
chorava da troça das rosas
espinhos e rosas
rosas e espinhos
todos procuramos a felicidade
Zbigniew Herbert, Escolhido pelas Estrelas (trad. Jorge de Sousa Braga)
02 junho, 2017
Tolentino e Kelly
o amor é uma noite a que se chega só.
José Tolentino Mendonça, A Estrada Branca
Etiquetas:
E,
José Tolentino Mendonça,
oxigénio,
poesia
31 maio, 2017
29 maio, 2017
28 maio, 2017
Anoto este facto, entre outros, no meu caderno, para futuras
referências. Quando for grande terei sempre comigo um espesso caderno de notas
com numerosas páginas metodicamente dispostas por ordem alfabética. Aí
escreverei as minhas notas. Na letra B, haverá por exemplo "Borboletas
brancas reduzidas a pó". Se no meu romance tiver que descrever um raio de
sol num parapeito da janela, irei ver a letra B e lá encontrarei as palavras
"Borboletas brancas reduzidas a pó". Há-de ser-me útil.
Virginia Woolf, As Ondas
27 maio, 2017
26 maio, 2017
24 maio, 2017
Assinar:
Postagens (Atom)