12 fevereiro, 2018

Matisse

Henri Matisse, Nu Bleu IV, 1952

11 fevereiro, 2018

Juan Ramón Jiménez

Está tan puro mi corazón 
que lo mismo es que muera 
o que cante.

Juan Ramón Jiménez

Cristina Tavares, pequenos ramos derrubados, 2014





10 fevereiro, 2018

Alejandra Pizarnik

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7
Salta con la camisa en llamas
de estrella a estrella.
de sombra en sombra.
Muere de muerte lejana
la que ama al viento


8
Memoria iluminada, galería donde vaga la sombra de lo que espero.
No es verdad que vendrá. No es verdad que no vendrá.


9
Estos huesos brillando en la noche,
estas palabras como piedras preciosas
en la garganta viva de un pájaro petrificado,
este verde muy amado,
este lila caliente,
este corazón sólo misterioso


10
un viento débil
lleno de rostros doblados
que recorto en forma de objetos que amar


13
explicar con palabras de este mundo
que partió de mí un barco llevándome


33
alguna vez
alguna vez tal vez
me iré sin quedarme
me iré como quien se va



Alejandra Pizarnik, Árbol de Diana (1962)



08 fevereiro, 2018

07 fevereiro, 2018

Felix Vallotton

Felix Vallotton, Woman Sleeping, 1899

04 fevereiro, 2018

Eugénio de Andrade


Que fizeste das palavras?
Que contas darás tu dessas vogais
de um azul tão apaziguado?

E das consoantes, que lhes dirás,
ardendo entre o fulgor
das laranjas e o sol dos cavalos?

Que lhes dirás, quando
te perguntarem pelas minúsculas
sementes que te confiaram?


Eugénio de Andrade, O Sal da Língua


03 fevereiro, 2018

Frederico Mira George

#38

pentearam-me arranjaram-me um fato
calçaram-me sapatos engraxados
e fecharam-me os olhos com pás de terra
cheira a mercúrio e a volfrâmio
as calças são boas mas apertadas - ?de quem terão sido
e os sapatos
/não cabiam - uma mãe rezando partiu-me as falanges
resultou na perfeição

antes da descida final
antes de ser posto o selo
a mulher mãe-rezadora envolveu-me um terço de rosário
nas mãos - prata brilhante
e desci - tranquilo
para a escuridão generosa
da plantação
continuo tranquilo apesar de não encontrar o coração
no peito nem sentir os olhos nas cavidades do crânio

quando rebentarem as primeiras folhas no solo
voltarei a ver o mar/a praça/os automóveis
os homens e as mulheres dentro dos automóveis
voltarei ao princípio - à cama onde nasci
descanso em paz enquanto germino

Frederico Mira George, Caixa Negra -1º vol., edições quási


Cristina Tavares, B&W, 2017

02 fevereiro, 2018

Margaret Atwood

O MOMENTO

O momento em que, após anos
de labuta e uma longa viagem, 
pões o pé no centro do teu quarto,
casa, hectare, quilómetro quadrado, ilha, país,
finalmente consciente de como lá chegaste,
e dizes, isto é meu,

é o mesmo momento em que as árvores
desenlaçam de ti os seus braços macios,
os pássaros recolhem a sua linguagem,
os penhascos estalam e desabam,
o ar recua de ti como uma onda
e ficas sem conseguir respirar.

Não, sussurram-te. Nada é teu.
Foste um visitante, que repetidas vezes
subiu o monte, cravou a bandeira, proclamou.
Nós nunca te pertencemos.
Tu nunca nos encontraste.
Foi sempre o contrário.


Margaret Atwood, em Lacre, Traduções e Versões de Poesia de Vasco Gato (ed. Língua Morta)


Cristina Tavares, B&W, 2017

31 janeiro, 2018

Mark Strand

MANTER AS COISAS INTEIRAS

Num campo 
eu sou a ausência
de campo.
Acontece
sempre o mesmo.
Onde quer que esteja
sou aquilo que falta.

Ao caminhar
separo o ar
e de todas as vezes
o ar precipita-se
para preencher os espaços
onde o meu corpo esteve.

Todos temos motivos
para nos deslocarmos.
Eu desloco-me
para manter as coisas inteiras.


Mark Strand, em Lacre, Traduções e Versões de Poesia de Vasco Gato (ed. Língua Morta)


30 janeiro, 2018

Isadora e Cristina

neste dia há-de descobrir
que dentro do teu tórax
habita uma granada fossilizada
com meu nome gravado
Rita Isadora Pessoa

Foto de Cristina Tavares.
Cristina Tavares, B&W, 2017

Andrea Geyer


Andrea Geyer,
 Constellations (Carrie Stettheimer after Genthe), 2018

29 janeiro, 2018

Ursula K. Le Guin

Foto de Arwen Curry.

There’s something
the size of a split pea
that I haven’t written.
that I haven’t written right.
I can’t sleep.
She gets up
and writes it.
Her work
is never done.

Ursula K. Le Guin,The Writer on, and at, Her Work

28 janeiro, 2018

Dorothea Lange

Dorothea Lange, Father and Son at a Hurling March, Ireland, 1954

26 janeiro, 2018


Grécia, 350 ac.

25 janeiro, 2018

Paul Gauguin

Paul Gauguin, Te Faaturuma, 1891

24 janeiro, 2018

Clothing soul

This thing I am making is my clothing soul.

Ursula K. Le Guin, 1991


Ursula K. Le Guin - A pele

THE SKIN

"All around us is the skin,
helping keep our bodies in.”

I’ve known that poem sixty years.
There’s more to it than first appears.

If we were skinless, like a cloud,
would we not mingle with the crowd?

Would not our little bodies be
more boundless even than the sea,

and gaseous as the atmosphere?
Would we be there as well as here?

Would I be you, and you be me,
and both of us mere entropy?

The two it takes to tango need
to be discrete, not just discreet.

The skin, however, does have holes
for letting in and out our souls,

our food, and such necessities.
It is designed to serve and please.

It washes well, but with the years
gets wrinkles, little spots and smears,

and somehow doesn’t seem to fit
as seamlessly as once as it did.

But still it is my nomad’s tent,
my shelter, my integument,

the outside of myself, this thin,
seemingly superficial skin,

that hems me neatly all about,
keeping foreign bodies out,
and keeping me, a while yet, in.

Ursula K. Le Guin

Woody


CT, Woody e gladíolo sobre a paleta, 11 março2106

23 janeiro, 2018

Testemunhas




CT, Testemunhas, janeiro 2018 



22 janeiro, 2018

dois dedos de vidro

Dois dedos de vidro (amuleto) Egipto, 664-332 AC