20 maio, 2018

Anna Akhmátova

Sobre eles me inclino, como sobre a taça,
tantos são nos versos os sinais amados - 



Anna Akhmátova, Só o Sangue Cheira a Sangue

19 maio, 2018

Daniel Jonas

(...)

Se engulo um pinhão 
porque não me cresce dentro 
um pinheiro?
Ou por outra: quando me entra
toda a música
para onde vai,
porque não me soo
a composição que respiguei?

Daniel Jonas, Bisonte

17 maio, 2018

Kara Walker

Kara Walker, Darkytown Rebellion, 2002

15 maio, 2018

White Dog








































Cristina Tavares, White Dog, maio 2018

12 maio, 2018

Clara Menéres, 1943-2018

Clara Menéres,
Os Amantes, ou restos arqueológicos de uma viagem para a morte, 1986

09 maio, 2018

Jean Arp

Jean Arp, Metamorphosid (Shell Swan), 1935

08 maio, 2018

Adília

Nem sempre fazer coisas difíceis é eficaz e eficiente. Às vezes fazer coisas fáceis é que é o mais acertado.

...

Há milagres, não há só truques.

...

Cresci ao Deus dará. O mais estranho é que Deus deu.


Adília Lopes, Bandolim, Assírio e Alvim, 2016

07 maio, 2018

Adília Lopes

BEE

Tenho uma varanda virada a Leste com vasos com plantas. Quando está sol, aparecem muitas abelhas. Afugento as abelhas pronunciando bee com força mas baixinho. As abelhas afastam-se sempre. Experimentei fazer isto e tenho tido uma taxa de sucesso de 100%. Talvez seja por isto que abelha em inglês se pronuncia bee. Não sabia pronunciar muito bem bee mas, a praticar com as abelhas, pronuncio cada vez melhor.


MODUS OPERANDI

Nunca consegui escrever nada com projectos, planos, programas, esquemas, prazos. Grão a grão, verso a verso, enche a galinha o papo. Pôr o carro à frente dos bois. Assim é que funcionou para mim.



Adília Lopes, Bandolim


06 maio, 2018

Louise Bourgeois

Louise Bourgeois, Lullaby, 2006

05 maio, 2018

FAGULHA


Ana Cristina Cesar










Abri curiosa
o céu.
Assim, afastando de leve as cortinas.

Eu queria entrar,
coração ante coração,
inteiriça
ou pelo menos mover-me um pouco,
com aquela parcimônia que caracterizava
as agitações me chamando
Eu queria até mesmo
saber ver,
e num movimento redondo
como as ondas
que me circundavam, invisíveis,
abraçar com as retinas
cada pedacinho de matéria viva.
Eu queria
(só)
perceber o invislumbrável
no levíssimo que sobrevoava.
Eu queria
apanhar uma braçada
do infinito em luz que a mim se misturava.
Eu queria
captar o impercebido
nos momentos mínimos do espaço
nu e cheio
Eu queria
ao menos manter descerradas as cortinas
na impossibilidade de tangê-las
Eu não sabia
que virar pelo avesso
era uma experiência mortal.

Ana Cristina Cesar, A Teus Pés, 1982

04 maio, 2018

Aurélia de Souza

Aurélia de Souza, Jezabel devorada pelos cães, 1911

25 abril, 2018

André Tecedeiro + Liberdade




ele perguntou-me
em que medida é que isso te marcou?

eu perguntei-lhe:

como se mede uma raiz?


André Tecedeiro,  O Número de Strahler, ed. Do Lado Esquerdo.

23 abril, 2018

Hannah Hoch

Hannah Hoch, 1962

22 abril, 2018

Paule Vézelay

Paule Vézelay in her studio, 1934

Paule Vezelay. Germaine Greer interviews pioneer...

Paule Vézelay

Paule Vézelay, Silhouettes, 1938






































Paule Vézelay, Contrasted Curves

































Paule Vézelay, Grey Forms on Grey, 1935





































21 abril, 2018

Estela e Heidi


(…)
que inveja,
penso eu
daqueles que só escrevem quando amam

que inveja,
penso eu
mas depois me arrependo
que inferno seria
só ser atravessada
quando algo respira.

Estela Rosa in  Oceânica


Heidi Kirkpatrick, Lost and Found




UM CAROÇO DE ABÓBORA JAPONESA

Aprendi
que se você joga um saco de terra no vaso
é incontrolável que surjam pequenas folhas

plantas sem nome
diria minha mãe
é tudo mato

mas resolvi jogar terra em um vaso
e ali algumas sementes que iam pro lixo

não me preocupei
nada do que planto dá
não tenho interesse em fertilidades

mas aí brotou por entre o lixo
uma folhinha

puxei o mato
mas ele saía do caroço da abóbora japonesa
do purê de semana passada

ela ali crescendo
orientalíssima em meu vaso de lixo orgânico
minha última tentativa de gratidão

com o broto na mão
fiquei pensando nos mestres japoneses
e naqueles samurais de coquezinho
naquelas moças com pés cortados
sapatos de madeira
nos budas de porcelana

e aquela folha ali brotando

então é isso, não dá
não sei lidar com vidas pacientes
com essa folha japonesa
delicada rompendo o lixo
feito um hexagrama de i-ching
me ensinando a brotar

mas não dá
é poesia demais pra mim
logo eu que não sei meditar


Estela Rosa (lida em Oceânica )


19 abril, 2018