27 janeiro, 2020
26 janeiro, 2020
25 janeiro, 2020
Lu Lizhi
Engoli uma lua de ferro,
disseram-me que era um parafuso.
Engoli resíduos industriais e fichas de desemprego,
jovens que morreram debruçados sobre máquinas,
engoli trabalho, engoli pobreza
engoli as pontes dos peões e uma vida enferrujada.
Não consigo engolir mais nada
porque tudo o que engulo me volta à boca
e verte para o chão da pátria:
um poema feito de vergonha.
---
Um parafuso caiu no chão
nas horas extra desta noite escura.
Caiu verticalmente, tinindo ao de leve:
ninguém notou,
tal como da última vez,
numa noite como esta
quando alguém tombou no vazio.
---
Dizem que sou
uma criança de poucas palavras.
Não o nego
mas,
fale ou não,
nesta sociedade,
estou sempre em conflito.
---
Um espaço de dez metros quadrados
apertado, húmido, escuro todo o ano:
é aqui que como, durmo, cago e penso
tusso, tenho enxaquecas, envelheço, fico doente e ainda assim não morro.
Sob esta pálida luz amarela cá estou a fixar o olhar no vazio, a rir-me
como um parvo ando para trás e para a frente, canto baixinho, leio, escrevo poemas.
Sempre que abro uma janela ou uma porta
pareço um morto
a puxar lentamente a tampa do caixão.
Lu Lizhi (trad. Sara F. Costa)
disseram-me que era um parafuso.
Engoli resíduos industriais e fichas de desemprego,
jovens que morreram debruçados sobre máquinas,
engoli trabalho, engoli pobreza
engoli as pontes dos peões e uma vida enferrujada.
Não consigo engolir mais nada
porque tudo o que engulo me volta à boca
e verte para o chão da pátria:
um poema feito de vergonha.
---
Um parafuso caiu no chão
nas horas extra desta noite escura.
Caiu verticalmente, tinindo ao de leve:
ninguém notou,
tal como da última vez,
numa noite como esta
quando alguém tombou no vazio.
---
Dizem que sou
uma criança de poucas palavras.
Não o nego
mas,
fale ou não,
nesta sociedade,
estou sempre em conflito.
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Um espaço de dez metros quadrados
apertado, húmido, escuro todo o ano:
é aqui que como, durmo, cago e penso
tusso, tenho enxaquecas, envelheço, fico doente e ainda assim não morro.
Sob esta pálida luz amarela cá estou a fixar o olhar no vazio, a rir-me
como um parvo ando para trás e para a frente, canto baixinho, leio, escrevo poemas.
Sempre que abro uma janela ou uma porta
pareço um morto
a puxar lentamente a tampa do caixão.
Lu Lizhi (trad. Sara F. Costa)
24 janeiro, 2020
23 janeiro, 2020
20 janeiro, 2020
19 janeiro, 2020
Jack Kerouac
Brindemos pelas loucas, pelas desajustadas, pelas rebeldes e arruaceiras, pelas que não se encaixam, pelas que veem as coisas de um modo diferente, pelas que não gostam de regras e não respeitam o status quo. Podem denunciá-las, não estar de acordo, glorificá-las ou vilipendiá-las, mas o que não podem fazer é ignorá-las. Porque elas mudam as coisas, empurram para a frente a condição humana. Enquanto alguns as veem como loucas, nós vemos o génio delas, porque as mulheres que se acreditam tão loucas como para pensar que podem mudar o mundo são as que o fazem.
Jack Kerouac
18 janeiro, 2020
17 janeiro, 2020
Maiakovski
Sou poeta. Este é o fulcro dos meus interesses. É disso que
escrevo. Do resto – só se me sobrarem palavras.
Maiakovski, Eu Próprio-Poesia 1912-1926
16 janeiro, 2020
15 janeiro, 2020
Kurt Marti
não existiu
já um
que andava sobre as águas?
mais ninguém
conseguiu fazer o mesmo
mas
que tu
uma não-nadadora
nades contra a corrente
não é um milagre menos significativo
Kurt Marti (trad.Luís Parrado)
Frederico Mira George
Frederico Mira George, «Quem tem um elefante não morre num asilo de velhos», 2020 |
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