# 35
não sei se é real… fiquei
com a boca seca e isso distraiu-me.
chegámos a dizer adeus?se não o dissemos não o devemos
dizer agora. nunca devemos
dizer adeus
depois de crescerem cadáveres:
vasos dentro de nós.
# 34
qualquer coisa se desprendeu de mim.
alguma.
coisa. se. desprendeu
de mim. mas o quê?
Frederico Mira George, "Caligrafia Inexplicável", 2006
01 fevereiro, 2007
30 janeiro, 2007
28 janeiro, 2007
As formas, as sombras, a luz que descobre a noite
e um pequeno pássaro
e depois longo tempo eu te perdi de vista
meus dois braços são espaços enormes
os meus olhos são duas garrafas de vento
e depois eu te conheço de novo numa rua isolada
minhas pernas são duas árvores floridas
os meus dedos uma plantação de sargaços
a tua figura era ao que me lembro
da cor do jardim.
António Maria Lisboa, "Poesia"
e um pequeno pássaro
e depois longo tempo eu te perdi de vista
meus dois braços são espaços enormes
os meus olhos são duas garrafas de vento
e depois eu te conheço de novo numa rua isolada
minhas pernas são duas árvores floridas
os meus dedos uma plantação de sargaços
a tua figura era ao que me lembro
da cor do jardim.
António Maria Lisboa, "Poesia"
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24 janeiro, 2007
Recordo ainda nitidamente uma ocasião, outrora, em minha casa, quando encontrei um estojo de jóias; tinha dois palmos de tamanho, era em forma de leque, com um rebordo de flores decalcadas sobre o marroquim verde-escuro. Abri-o: estava vazio. Posso dizê-lo agora, passado tanto tempo. Mas, na altura em que o abri, vi apenas em que consistia esse vazio: em veludo, numa pequena elevação de veludo claro, já gasto; no encaixe da jóia que nele se perdia, vazio, num pequeno rasto de melancolia mais claro. Por um instante era possível suportá-lo. Mas talvez seja sempre assim para aqueles que foram amados e ficaram para trás.
Rainer Maria Rilke, "As Anotações de Malte Laurids Brigge"
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