11 março, 2008

Flora Natapoff


Flora Natapoff, s/título, 2007

10 março, 2008


figura feminina de mármore - 2600-2400 A.C.

09 março, 2008

Orange John


John Baldessari,"Stonehenge (with two persons) Orange, 2005

Red John


John Baldessari, "Stonehenge (with two persons) Red, 2005

03 março, 2008

as outras asas de victor


Victor Hugo, empreintes de denteles

01 março, 2008

escrever com asas


Victor Hugo - Plumes des Miserables

27 fevereiro, 2008

robert mapplethorpe


Robert Mapplethorpe, 1983

25 fevereiro, 2008

Man Ray


Man Ray, s/título, 1931

23 fevereiro, 2008

valentine na piscina


Valentine Schmidt, Plunge 2, 2000/2003

Valentine Schmidt


Valentine Schmidt, Plunge 3, 2000/2003

20 fevereiro, 2008

Sarah Afonso


Sarah Afonso, "As Meninas", 1928

19 fevereiro, 2008

Clube da Imaginação


PERGUNTAS E RESPOSTAS DESENCONTRADAS

O que é a morte?É uma chave para 83 fechaduras.

O que são as lágrimas?São canetas a fazer que escrevem.

O que é uma recordação?É um nariz empinado.

O que é uma piscina?E abrir os olhos e ver o lado de dentro.

O que é um sorriso?É um carro a voar.

O que uma pergunta?È um pano azul a tapar o céu.

O que é um amigo?É um soldado a rir.

O que é um carro?É um bicho com vinte patas.

O que é um papel?
É um sapato a chorar.

O que é o sono?É uma coisa muito feliz.

O que é o mundo?E um conjunto de sininhos a tocar.

Porque é que os cães ladram?Porque as abelhas voam baixinho.

Porque é que as velhinhas ficam baixinhas com a idade ?Porque anoiteceu.

PERGUNTAS COM RESPOSTAS ENCONTRADAS

O que é um papel?
- É uma árvore velhinha.

O que é crescer?
- É ficar acordado até tarde.

O que é o calor?
- É ter douradinhos na boca.

O que é o mundo?
- É uma caixa de sapatos, com sapatos lá dentro.

O que é um nabo?
- É um monstro verde com pele de galinha.

O que é o sol?
- É um monte de abelhas a girar.

(textos colectivos - Adriana, Ana Rita, Francisco, João, Joana, Rita)

16 fevereiro, 2008

Jenny Holzer à noite


Jenny Holzer, "Writing in Walls by Night", 2003

12 fevereiro, 2008

Jenny Holzer


Jenny Holzer, 2004

10 fevereiro, 2008

separação dos mares e da terra


Separação dos mares e da terra, Livro de Horas franciscano, c.1385-90

criação do céu


Criação do céu, Livro de Horas franciscano, c.1385-90

08 fevereiro, 2008

inventez ce qui a dejá été inventé

Laissez les influences jouer librement, inventez ce qui a déjà été inventé, ce qui est hors de doute, ce qui est incroyable, donnez à la spontanéité sa valeur pure. Soyez celui à qui l'on parle et qui est entendu. Une seule vision, variée à l'infini.

Le poète est celui qui inspire bien plus que celui qui est inspiré.

Paul Éluard , "Ralentir Travaux", 1930

07 fevereiro, 2008

Callum Innes


Callum Innes, "Exposed Painting Cobalt-Violet", 2007

05 fevereiro, 2008

Os nomes

Não os escrevi no tecto por serem grandiosos, mas por serem companheiros. Rojas Giménez, o transumante, o nocturno, trespassado pelos adeuses, morto de alegria, despassarado, louco da sombra.
Joaquín Cifuentes, cujos tercetos rolavam como pedras no rio.
Federico, que me fazia rir como mais ninguém e que nos enlutou a todos por um século.
Paul Eluard, cujos olhos cor de miosótis me parece que continuam celestes e que conservam a sua força azul debaixo da terra.
Miguel Hernández, assobiando-me à maneira de um rouxinol das árvores da Rua da Princesa antes de os presídios apanharem o meu rouxinol.
Nazim, aedo rumoroso, cavaleiro valente, companheiro.
Por que se foram embora tão depressa? Os seus nomes não resvalarão das vigas. Cada um deles foi uma vitória. Juntos foram para mim toda a luz. Agora uma pequena antologia das minhas dores.

Pablo Neruda, “Uma Casa na Areia”

04 fevereiro, 2008

Robert Mapplethorne


Robert Mapplethorne, "Iris", 1989

02 fevereiro, 2008

Herberto e Kiki


Kiki Smith, "Standing"
Uma golfada de ar que me acorda numa imagem larga.
Os braços apertam os pulmões da estrela.
e o golpe freme a toda a altura negra. Tremo
na linha sísmica que atravessa o sono.
De ferro em brasa na cabeça,
medo e delírio,
o sombrio trabalho de beleza com as unhas fincadas
na matéria atenta
à olaria.
E súbito, apenas pelo uso elementar das coisas,
esse júbilo terrível.

Herberto Helder, "Ou o Poema Contínuo"





01 fevereiro, 2008

russell edson, não cresças na sala

Russell Edson

Uma vez um homem encontrou duas folhas e entrou em casa segurando-as com os braços esticados dizendo aos pais que era uma árvore.

Ao que eles disseram então vai para o pátio e não cresças na sala pois as tuas raízes podem estragar a carpete.

Ele disse eu estava a brincar eu não sou uma árvore e deixou cair as folhas.

Mas os pais disseram olha é outono.


Russell Edson, "O Túnel"

28 janeiro, 2008

25 janeiro, 2008

Wolfgang Laib


Wolfgang Laib, 2007

23 janeiro, 2008

Kiki


Kiki Smith, "Standing"(pormenor)

Kiki Smith Standing


Kiki Smith,"Standing"

22 janeiro, 2008

dois retratos de Paul Celan



UMA VEZ
ouvi-o,
lavava o mundo,
invisível, toda a noite,
real.

Paul Celan, "Sete Rosas Mais Tarde"

Paul Celan

Reunido está o que vimos,
para despedida de ti e de mim:
o mar, que nos lançava noites para a terra,
a areia, que as atravessou connosco,
a urze vermelho-ferrugem além
onde o mundo nos aconteceu.

Paul Celan, "Sete Rosas Mais Tarde"

21 janeiro, 2008


Andy Goldsworthy, "Rowan Leaves With Hole"

20 janeiro, 2008

Land Art


Andy Goldsworthy

(para Miguel)

18 janeiro, 2008

Daniel e Dennis

(...)
Põe uma escada e sobe ao cimo do que vês

Daniel Faria, "Homens que São Como Lugares Mal Situados"


Dennis Oppenheim, "Digestion", 1989

16 janeiro, 2008

Kenneth Nolan


Kenneth Nolan, "Gift", 1961

15 janeiro, 2008

pour mon petit chat gris

O gato dito doméstico ou de lineu

Primo em linha recta do Gato Legível, uma nem sempre fundada tradição de abandalho pesa sobre a origem egípcia, eminentemente cruel e aristocrática, dos da sua espécie. O Gato urina com êxito nos objectos de lar, e quando a angina estala enfim os peitos da patroa que julgou poder fretá-lo para pequenas voltas, O GATO esfrega os olhos, abre uma janela, e voa toda a noite, de barriga para cima. Nestas surtidas voantes encontra-se por vezes com os seus camaradas libertários, e então acendem fogos que, uma vez por ano, formam cortejo em direcção à Lua, onde um gato já cego os devolve aos espaços, transformados em cinza e em máquinas de luar.
Mário Cesariny, "Manual de Prestidigitação"

14 janeiro, 2008

João e Peter


foto do meu filho João (12 anos)
(...)
É também peculiar o sentimento da duração
em face de certas coisas pequenas,
quanto mais simples mais impressionantes:
daquela colher
que me acompanhou em todas as mudanças de casa,
daquela toalha
pendurada nas casas de banho mais diversas,
do bule e da cadeira de verga
durante anos guardados numa cave
ou arrumados em qualquer outro lugar,
não no que era habitual, é certo,
mas, apesar disso, no seu lugar.
E finalmente:
Feliz todo aquele que tem os seus locais da duração;
porque, mesmo que para sempre seja forçado a partir para uma terra estranha,
sem esperança de regressar ao seu próprio ambiente,
não será jamais um expatriado.
Peter Handke, "Poema à Duração"

13 janeiro, 2008

clube da imaginação

Imaginei uma
Menina que estava a fazer uma
Armadilha para a
Galinha que estava sentada numa palavra chamada
Imaginar. Imaginou-se a
Nadar dentro de uma piscina
Azul. Nadou e encontrou uma
Cereja que tinha um
Anjo em cima do
Ombro.

Adriana (10 anos)


Imaginou
Margarida que as
Assinaturas dela e do
Gonçalo eram
Inimigas.
Na escola
Assinou uma
Cebola
Antiga e
Olhou.

Adriana (10 anos)

12 janeiro, 2008

clube da imaginação - de onde vêm as palavras?

As palavras vêm da varinha mágica que é a língua.
As palavras vêm da sopa.
As palavras vêm dos sons que ouvimos quando estamos com os nossos amigos.
Há palavras quentinhas, acabadinhas de sair do forno.
Se a caneta não escrever, as palavras saem pelas mãos.
As palavras vêm da lua de Inverno.
As palavras são muito tímidas e quando querem sair de casa, vão pela chaminé.
As palavras vêm do coração.
As palavras vêm da palavra “palavra”.
As palavras vêm do fogo, quando o acendemos, as palavras queimam-se e saem, iluminadas.
É da imaginação que vêm as melhores palavras.
Se fosse uma prenda com palavras más, eu não a abria.
As palavras vêm de Homero porque os poetas têm muita sabedoria.
As palavras vêm nas nuvens brancas.
Quando dizemos a palavra errada ela desaparece.

Ana, Ana Rita, João L., João R., Carina, Adriana, Pedro, Alexandre, Inês (10 e 11 anos)

teresa ontem


asa de rouxinol

10 janeiro, 2008

Dennis e Luís


Dennis Oppenheim, "Annual Rings", 1969
DOIS RIOS
O corpo dividido em duas partes
fechadas
à chave uma na outra, avanço
num duplo coração como se fosse
ao mesmo tempo num só barco por dois rios.

Luís Miguel Nava, "O Céu Sob as Entranhas"

08 janeiro, 2008

(lembras-te angela ?)


Deborah Yaffe, "Shoe" 2002

Mário Cesariny

Faz-se luz pelo processo
de eliminação das sombras
Ora as sombras existem
as sombras têm exaustiva vida própria
não dum e doutro lado da luz mas no próprio seio dela
intensamente amantes loucamente amadas
e espalham pelo chão braços de luz cinzenta
que se introduzem pelo bico nos olhos do homem

Por outro lado a sombra dita a luz
não ilumina realmente os objectos
os objectos vivem às escuras
numa perpétua aurora surrealista
com a qual não podemos contactar
senão como amantes
de olhos fechados
e lâmpadas nos dedos e na boca

Mário Cesariny, “Pena Capital”

06 janeiro, 2008

Abigail Child


Abigail Child, "The Future Is Behind You", 16mm film, 2004

05 janeiro, 2008

Rodney Graham


Rodney Graham, "Welsh Oaks #1", 1998

04 janeiro, 2008

Luís Miguel Nava, mais 4 poemas e 1 imagem



OS PRATOS DA BALANÇA
Por entre as rochas um rapaz, nas mãos levando uma balança, avança em direcção ao mar. Vai procurar pesá-lo. Num dos pratos, o mar há-de revolver-se, debater-se, rebentar, há-de trazer à superfície a força das entranhas e atrair o céu, há-de-o fazer precipitar-se até com ele se confundir, e as próprias rochas através das quais o rapaz segue hão-de pesar no prato ferozmente. Imperturbável, o rapaz colocará no outro prato o seu sorriso.


OLHANDO O SOL
Um dia, olhando o sol, deu conta de que nele tinha os ossos mergulhados. Era no entanto impensável proceder a escavações no sol, embora tarde ou cedo a gente acabe por sentir no coração as escavadoras. Dir-se-ia um sol magnético capaz de decidir dos resultados das mais árduas partidas de xadrez. Como se fosse uma das peças, dir-se-ia, ou como se a luz dele recuperasse através deste uma etimologia insuspeitada.
Há quem em si se embrenhe até lhe dar o coração pela cintura – começou ele a escrever então. Como se a espinha do próprio acto de escrever ficasse à mostra, a mão foi-lhe emergindo aos poucos do papel.

Luís Miguel Nava, “Rebentação”

UMA CANDEIA
Poisei na margem desta folha uma candeia, para que se tornassem mais claras as palavras deste texto. Uma candeia também ela feita de palavras e que, contrariamente às aparências, não está na margem mas dispersa nas palavras, de tal forma que, se eu falar das praias, por exemplo, o próprio olhar dos leitores torna visíveis os contornos dos banhistas.

CÉU ÁRIDO
Devemos, ao falar, ter o máximo cuidado com as palavras que empregamos, pois, sendo algumas delas vulneráveis às raízes, arriscamo-nos a ver apoderar-se-nos da fala uma vegetação que talvez chegue mesmo a destruir-nos. A fala quer-se árida, de uma aridez idêntica à da roupa que nos cobre o corpo ou à do céu, de que me esforço, sempre que dele falo, por deixar à mostra um dos agrafos mais profundos.

Luís Miguel Nava, “O Céu Sob as Entranhas”

Luís Miguel Nava 2 poemas

CRAWL
Às vezes, entranhando-me num espelho, consigo dar nele duas ou três braçadas sucessivas.

CISÃO
Gostava de saber até que ponto a ideia de céu e a de unidade andam ligadas. Só assim poderia avaliar que peso tem o facto de eu sentir que o céu se encontra dividido e uma das partes se alojou transversalmente no meu corpo. Tal é às vezes o seu peso, que me vejo constrangido a andar dobrado.

Luís Miguel Nava

02 janeiro, 2008

Tom Waits, ainda


Tom Waits, por Anton Corbijn

01 janeiro, 2008

Tom Waits

A minha memória não é uma fonte de sofrimento. Certas partes são como uma loja de penhores, outras como um aquário, outras como uma despensa. Julgo que há um sítio onde a memória se distorce como as imagens nos espelhos de feira e é essa área que mais me interessa.

Tom Waits, outubro 1983
Se vamos à procura de alguma coisa, na maioria dos casos regressa-se com algo muito diferente daquilo que nos propuséramos descobrir. Tento contemplar os muitos mistérios da vida mas a maior parte das vezes, permanecem mistérios. Descubro imensas coisas metendo pr caminhos errados. Gosto de me desorientar.

Tom Waits (agosto, 1987)