foto do meu filho João (12 anos)
(...)
É também peculiar o sentimento da duração
em face de certas coisas pequenas,
quanto mais simples mais impressionantes:
daquela colher
que me acompanhou em todas as mudanças de casa,
daquela toalha
pendurada nas casas de banho mais diversas,
do bule e da cadeira de verga
durante anos guardados numa cave
ou arrumados em qualquer outro lugar,
não no que era habitual, é certo,
mas, apesar disso, no seu lugar.
E finalmente:
Feliz todo aquele que tem os seus locais da duração;
porque, mesmo que para sempre seja forçado a partir para uma terra estranha,
sem esperança de regressar ao seu próprio ambiente,
não será jamais um expatriado.
Peter Handke, "Poema à Duração"
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