Richard Long, Berlin Circle |
06 dezembro, 2017
05 dezembro, 2017
W. B. Yeats
Cristina Tavares, Novas Colagens (Incansáveis Asas), dez 2017 |
Todas as palavras que profiro,
E todas as palavras que escrevo,
Deverão alargar as suas incansáveis asas,
Sem nunca repousarem no seu voo,
Até chegarem ao sítio do teu coração tristíssimo,
E cantarem para ti à noite,
Para lá de onde se movem as águas,
Escurecidas de tempestade ou estelíferas.
W. B. Yeats, em Lacre, Traduções e Versões de Poesia de Vasco Gato (ed. Língua Morta)
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04 dezembro, 2017
Dylan Thomas
CristinaTavares, Novas Colagens (Dying of the light), 2017 |
Rage, rage
against the dying of the light.
Dylan Thomas
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03 dezembro, 2017
02 dezembro, 2017
Ted Kooser
Cristina Tavares, Novas Colagens (Glaciar), 2017 |
Hoje, ao longe, assisti
ao teu afastamento, e sem fazer barulho
o rosto cintilante de um glaciar
deslizou para o mar. Um velho carvalho
tombou nas Cumberlands, segurando apenas
um punhado de folhas, e uma velha
que espalhava milho pelas suas galinhas ergueu
por instantes o olhar. Do outro lado
da galáxia, uma estrela trinta e cinco vezes
maior do que o nosso sol explodiu
e desapareceu, deixando um pontinho verde
na retina do astrónomo
que estava na grande cúpula aberta
do meu coração sem ninguém a quem contar.
Ted Kooser, em Lacre, Traduções e Versões de Poesia de Vasco Gato (ed. Língua Morta)
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01 dezembro, 2017
Roland Barthes
Cristina Tavares, Novas Colagens (Que Penso do Amor?), nov 2017 |
Que penso do amor? - Em suma, nada penso. Gostaria de saber o que é, mas, estando nele embrenhado, vejo-o em existência, não em essência. (...) Assim, por mais que discorra sobre o amor ao longo do ano, apenas poderei ter a esperança de agarrar o conceito «pela cauda»: por relâmpagos, fórmulas, surpresas de expressão, dispersos através da grande corrente do Imaginário; estou do lado mau do amor, do seu lado deslumbrante: «O lugar mais sombrio, diz um provérbio chinês, situa-se sempre sob a lâmpada.»
Roland Barthes, Fragmentos de Um Discurso Amoroso (edições 70)
30 novembro, 2017
Maria Gabriela Llansol
Cristina Tavares, Novas Colagens, novembro 2017 |
Mas estar envolvido pela luz é a minha solidão.
Mas vivo na minha própria luz, bebo as chamas que se escapam de mim.
Maria Gabriela Llansol, O Livro das Comunidades, Geografia de rebeldes I, Ed.Assírio e Alvim
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29 novembro, 2017
Anne Sexton
Cristina Tavares, Novas Colagens (Elevador até ao Céu), nov 2017 |
Como disseram os bombeiros:
nunca reservar um quarto acima do quinto piso
em nenhum hotel de Nova Iorque.
Há escadas que sobem mais alto
mas ninguém as sobe.
Como disse o New York Times:
o elevador localiza sempre
o piso do incêndio
e abre automaticamente
sem voltar a fechar.
São estes os avisos que deverás esquecer
se quiseres sair de ti mesmo.
Se quiseres estampar-te contra o céu.
Lacre, Traduções e Versões de Poesia de Vasco Gato (ed. Língua Morta)
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28 novembro, 2017
André Tecedeiro
CT, Novas Colagens (Papillon), novembro 2017 |
Papillon, espera pela sétima onda.
Essa ilha é um veneno
rodeado de inferno por todos os lados.
Ouvi falar de borboletas
que migram
na pegada do Sol.
Batem do Canadá ao México
pequenas asas.
No caminho morrem três ou quatro vezes
Mas esqueçamos por momentos que
a borboleta que parte não é a mesma que chega:
o que o mistério nos conta é que
uma borboleta é capaz
de atravessar um continente.
André Tecedeiro
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24 novembro, 2017
19 novembro, 2017
18 novembro, 2017
ligar o coração à luz
Vivian Maier, Auto-retrato, Chicago, data desconhecida |
A fotografia é só ligar o coração à luz e não fazer ruído.
Frederico Mira George
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14 novembro, 2017
Richard Long
10 novembro, 2017
09 novembro, 2017
08 novembro, 2017
07 novembro, 2017
05 novembro, 2017
Maria Judite de Carvalho
Josef Albers, s/ título, c.1929 |
Há hoje um cheiro a partir,
um cheiro a não estar aqui,
um cheiro a mar verde-pálido,
de algas soltas, sem raízes.
Estou no cais mas não saí.
Tenho um passaporte inválido
para todos os países.
Maria Judite de Carvalho, A Flor que Havia na Água Parada
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04 novembro, 2017
03 novembro, 2017
01 novembro, 2017
30 outubro, 2017
29 outubro, 2017
sobe uma figura
Um avião aterrava
no meu terror, começar
por haver deus
e depois nem um irmão
com quem trocar canivetes, lâminas.
Mas olha bem no escuro
ao lado de cada verso
sobe uma figura.
Helder Moura Pereira, Mercúrio, 1987
no meu terror, começar
por haver deus
e depois nem um irmão
com quem trocar canivetes, lâminas.
Mas olha bem no escuro
ao lado de cada verso
sobe uma figura.
Helder Moura Pereira, Mercúrio, 1987
Sjaak Kempe, Paul Cézanne'studio |
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27 outubro, 2017
Helder Moura Pereira
Francisco Tropa,Terra Platonica, 2013 |
As emoções deste lado
não são iguais
às emoções daquele
lado, só parecem.
Faz ao contrário, põe
desenhos às palavras,
apaga o risco vertical do caderno.
Helder Moura Pereira, Mercúrio, 1987
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Robert Montgomery
To encounter the work of Robert Montgomery is to make a tender encounter whose tenderness is enhanced by the public, communal quality of his work. To encounter his work is to have your body filled with a sad thunder and your head filled with a sad light. He is a complete artist and works in language, light, paper, space. He engages completely with the urban world with a translucent poetry. His work arrives at us through a kind of lucid social violence. No one has blended language, form and light in such a direct way.
Black and Blue Literary Journal
26 outubro, 2017
25 outubro, 2017
24 outubro, 2017
no fundo do céu
Com o meu cavalo parado sob a árvore coberta de rolas, lanço um assobio tão puro, que não há uma única promessa feita às margens destes rios que eles não cumpram. (Folhas vivas na manhã são à imagem da glória)...
E não é só que um homem não esteja triste, mas levantando-se antes do dia e mantendo-se com prudência no convívio de uma velha árvore, apoiado pelo queixo à última estrela, vê em jejum no fundo do céu grandes coisas puras que dispõem ao prazer ...
Com o meu cavalo parado sob a árvore que arrulha, lanço um assobio mais puro. E paz àqueles que, se vão morrer, não chegaram a ver este dia. Mas do meu irmão, o poeta, tivemos notícia. Voltou a escrever uma coisa muito doce. E alguns dela tiveram conhecimento.
Saint-John Perse, Habitarei o Meu Nome (trad. João Moita)
E não é só que um homem não esteja triste, mas levantando-se antes do dia e mantendo-se com prudência no convívio de uma velha árvore, apoiado pelo queixo à última estrela, vê em jejum no fundo do céu grandes coisas puras que dispõem ao prazer ...
Com o meu cavalo parado sob a árvore que arrulha, lanço um assobio mais puro. E paz àqueles que, se vão morrer, não chegaram a ver este dia. Mas do meu irmão, o poeta, tivemos notícia. Voltou a escrever uma coisa muito doce. E alguns dela tiveram conhecimento.
Saint-John Perse, Habitarei o Meu Nome (trad. João Moita)
W. Eugene Smith, Dream Street, Pittsburg, 1955 |
22 outubro, 2017
20 outubro, 2017
19 outubro, 2017
18 outubro, 2017
16 outubro, 2017
Sophia
Escuto mas não sei
Se o que oiço é silêncio
Ou deus
Escuto sem saber se estou ouvindo
O ressoar das planícies do vazio
Ou a consciência atenta
Que nos confins do universo
Me decifra e me fita
Apenas sei que caminho como quem
É amado e conhecido
E por isso em cada gesto ponho
Solenidade e risco
Sophia de Mello Breyner Andresen, Antologia (Círculo de Poesia, Moraes Editores, 1970)
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Sophia
15 outubro, 2017
14 outubro, 2017
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